Dia 29/12, último dia em Sucre

O segundo dia até que foi bem tranquilo. Acordei cedo e parti para o mercado público para comer a salada de frutas. Quando estava em Samaipata o Colombiano e a Argentina que estavam em meu quarto me falaram que ouviram falar muito bem desta salada de frutas.Chegando no mercado pedi já uma grande. Era uma delicia, muito boa mesmo! você pode pedir se quer iogurte e creme, eu como bom gordinho pedi os dois.

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A salada!20151228_134745A banquinha de salada de frutas da simpática moça Boliviana

Devidamente alimentado sai para me preparar para a viagem ao salar de Uyuni. Ainda no mercado tive uma boa surpresa e uma não tão boa. A boa foi encontrar a Argentina e o Colombiano aleatoriamente no mercado. A ruim foi encontrar um grupo de Brasileiras que me disseram que não haviam mais passeios de 3 dias para Uyuni.

Foi então que sai em busca de agências de turismo para saber mais sobre isso. Todas me disseram que haveriam passeios de 3 dias. Mais tranquilo fui até a rodoviária e comprei a passagem, na volta aproveitei para comprar óculos escuros (bem fuleiros e baratos!) e protetor solar, indispensáveis na visita ao salar e que eu havia esquecido em casa. Também saquei dinheiro no caixa pois imaginei que iria ficar pelo menos uns 4 dias longe da “civilização”.

Voltei rápido para o hostel pois estava com muita dor de barriga. Fica a dica: é muito difícil existir papel higiênico nos banheiros, mesmo os pagos, portanto sempre carregue um com você, pois nunca se sabe né. Chegando lá resolvi dar uma descansada. Como eu já havia desocupado o quarto, deixando minhas coisas no depósito, tive que recorrer ao banco da praça. Até que foi gostoso dormir lá, pelo menos estava fresquinho.

Já era meio tarde quando resolvi encontrar meu próximo passeio. Resolvi ir até o Parque Cretacino, um parque onde existem pegadas de dinossauro fossilizadas em um grande bloco de concreto. Peguei uma van e parti em direção ao local, que fica bem afastado da cidade. Quando cheguei em um mercado popular chamado mercado campesino tudo ficou trancado. Era muito trânsito, que me lembrou desgraçadamente Florianópolis.

Depois de mais de 1 hora de trânsito intenso cheguei no parque. No caminho passamos pela periferia da cidade, que não é branquinha e bonitinha como o centro histórico. O parque fica ao lado de uma gigantesca fábrica de concreto, que foi a responsável por encontrar as pegadas depois que o concreto secou e elas ficaram evidentes.

Faltava meia hora para o parque fechar, então tive que ser rápido. Na realidade, tirando as pegadas não havia muito a se ver. Mesmo a pegadas tive de ver de longe usando binóculos (pagos), porque só existe uma visitação guiada por dia às 13h. De resto são grandes réplicas de dinossauros feitas em materiais sintéticos e alguns painéis bem interessantes contando como aquela região se formou. Foi bem bacana saber por exemplo que existia um grande mar onde hoje é o salar de Uyuni (o que explica o sal) entre outras coisas.

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Sabe o que eu faço com esses bichinhos?

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Se você tiver um pouco de imaginação pode perceber as pegadas

20151229_163828 Linda vista de cima do parque

Sai bem corrido na volta, porque ainda tinha que comprar algo para comer e pegar minha roupa na lavanderia. Chegando ao mercado comprei massa, cebolas, tomates e um “pimentão” para fazer o meu tradicional macarrão de despedidas seguro para viagens, dado meu estado. Preparei o bichinho e quando comi tive uma bela surpresa. Não era um pimentão, era uma baita pimenta ardida pra caramba. Bom, o estrago já estava feito, pois eu não tinha mais muito tempo. Comi um prato e parti para a rodoviária. Antes bati uma foto de um dos nossos produtos de exportação.

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Os gringos do hostel piram no velho barreiro!

Cheguei na rodoviária e fiquei ali em meio ao caos esperando o ônibus para Uyuni. Próximo capítulo desse blog!

20151229_195846Na Rodoviária de Sucre

Você pode ver aqui as fotos deste trecho da viagem.

Gastos (em Bolivianos)

  • 18 lavanderia (~R$ 10,50)
  • 8 salada de frutas (~R$ 4,70)
  • 70 passagem para Uyuni (~R$ 41,17)
  • 5 farmácia
  • 5 suco
  • 30 parque
  • 25 óculos
  • 5 manteiga de cacau
  • 17 comida
  • 6 ônibus

Total: 196b (~R$ 73,50 na cotação de 1,70).

Saque: 400 bolivianos (R$ 244,86 + R$ 12,00 taxa saque + R$ 15,58 IOF = equivalente a R$ 1,46 por boliviano).

Dia 28/12, rumo a Sucre!

Entrei no ônibus rumo a Sucre e apaguei, como de costume eu durmo como uma pedra em viagens, ainda mais quando são noturnas. Até acordar de repente com um grito de “pare” do cidadão que estava ao meu lado, sentado no lado da janela. Assustado e meio zonzo tentei entender o que se passava. Olhei para fora e gelei. O ônibus estava dando ré, manobrando para que um caminhão passasse porque simplesmente não havia espaço na estrada para os dois veículos. A estrada era de terra, estávamos no alto de uma montanha e havia um abismo ao nosso lado, sem mureta alguma. O grito que escutei era porque o motorista estava chegando muito próximo do abismo. Ainda bem que nem todos dormem como eu nessas viagens.

Bom, não preciso dizer que não preguei mais o olho por um bom tempo. Depois de conseguir manobrar, o ônibus começou a descer a montanha. As curvas eram extremamente fechadas e qualquer barulho que o ônibus fazia se tornava apavorante. Quando chegamos na base da montanha senti um grande alivio e uma imensa vontade de esvaziar a bexiga.

Segunda surpresa da noite: o banheiro, que o cara que me vendeu a passagem tinha confirmado tantas vezes que existia, estava fechado com um cadeado. Tive que segurar. Algumas horas depois o motorista parou o ônibus no meio do nada. Pensei que havia algum problema no veiculo, mas achei estranho que todos começaram a descer. Era a parada para o “bãno”, no meio das montanhas em um lugar sem uma viva alma. Fiquei meio apavorado de o motorista sair no pinote e me deixar ali e acabei não conseguindo aproveitar aquela bela oportunidade. Não preciso dizer que o resto da viagem até Sucre foi um tanto apertada.

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O ônibus da viagem alucinante para Sucre

Senti uma felicidade imensa ao chegar em Sucre. Peguei uma van e comecei minha saga por casas de câmbio pelo centro da cidade. Depois de fazer uma pesquisa encontrei um hostel que parecia bacana ao lado de uma praça da cidade a praça Bolivar. A praça é bem bonita, bem arborizada e as pessoas aproveitam bem o local, fazendo exercícios, brincando com as crianças ou levando o cachorro para passear.

O hostel se chama Travellers Guest House, o pessoal que trabalha lá foi muito gentil e me deu várias informações sobre a cidade. A estrutura era suficiente, com uma cozinha coletiva e banheiros coletivos nos quartos. O quarto não era aquela maravilha, mas estava de bom tamanho para os poucos dias que eu pretendia passar na cidade.

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Praça Bolívar

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Hostel Travellers Guest House

Saindo do hostel fui ao câmbio mais barato que encontrei para fazer minha segunda troca da viagem, 1,70 chorados com um tiozinho em uma barraca ao lado do Mercado Público. Depois fui ao mercado para comer algo. Chegando lá me surpreendi com a variedade de coisas: frutas de vários tipos, carnes, massas, material de limpeza e restaurantes. É muito difícil achar um supermercado na Bolívia, então as pessoas procuram o mercado popular para tudo. Chegando nos restaurantes, optei por uma sopa de carne com batatas, quinoa e arroz da qual não lembro o nome. Uma delicia.

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Mercado Público de Sucre

20151228_114030Sopa do Mercado

Resolvi voltar para o hostel para descansar um pouco e comecei a sentir uma baita dor de cabeça e um pouco de falta de ar ao caminhar e um certo “desconforto intestinal”. Desconfiei ser o Soroche, o mal da altitude, pois Sucre está a 2.500 metros acima do nível do mar, nível onde vivo no Brasil. Tomei uma pirula para o soroche que acabou não fazendo muito efeito. Dei uma descansada e parti para conhecer o centro, ainda com forte dor de cabeça. No caminho passei na loja de um senhor que vendia ervas e comprei um saco de folhas de coca.

Fui até a praça central da cidade, sentei num banco e comecei a mascar as folhas de coca. Elas são amargas, o cheiro é bem forte e característico e o gosto lembra levemente erva mate, com a diferença de que deixam a língua dormente depois de mastigar algumas. Achei bom, mas não senti “barato” nenhum de principio. Mas aos poucos percebi que a dor foi sumindo e comecei a me sentir melhor.

Então um senhor Boliviano sentou ao meu lado. Ofereci algumas folhas de coca para ele, que aceitou e agradeceu. Logo começou a me fazer perguntas Seu nome era Abimael e ele era um camponês Cruceño que vivia em um sitio nos arredores de Sucre. Era muito curioso e me fez perguntas como “Quanto custa um trator no Brasil?” e como estava nossa situação politica e econômica. Perguntei sobre a situação da Bolívia e ele me disse que as coisas haviam melhorado muito para o povo com Evo, mas que as coisas estavam estagnadas e que ele era contra o referendo que vai ser votado em fevereiro de 2016 que pretende alterar a constituição para, entre outras coisas possibilitar que Evo possa ser novamente candidato. Fiquei quase uma hora conversando com ele depois me despedi e dei umas voltas pelo centro histórico.

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Folhas de Coca. Coca no es droga!

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Plaza 25 de Mayo

O centro histórico de Sucre é bem bonito, com seus tradicionais prédios pintados de branco e a arquitetura colonial que lhe deram o apelido de “cidade branca”, a capital constitucional do país. Entretanto existem muitas pessoas pedindo esmola, principalmente senhoras idosas e crianças.

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Subindo o morro

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Palácio do governo

Embalado pelas folhas de coca resolvi subir para a Recoleta, onde me disseram existir uma bela vista da cidade. Depois de subir uma longa rua cheguei até o mirante, que fica ao lado de uma bela praça. Posso dizer que compensou o esforço.

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Praça da Recoleta

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Sucre vista do mirante da Recoleta

Voltando para o hostel comi um pão com linguiça (chorizo) e tentei descansar um pouco. Não tive muito sucesso, pois estava muito pilhado com toda a coca que mastiguei, então resolvi dar uma volta pela noite. Procurei um bar mas não curti muito, pois todos os lugares que encontrei pareciam bares para gringos e não tinham aquele agito característico dos botecos do Brasil. De longe comecei a escutar um batuque e me empolguei.

Caminhei na direção de onde vinha aquela música. Chegando lá encontrei um verdadeira festa na rua. Uma banda de rua, estilo fanfarra chamada “Rey Manantial” tocava um som que lembrava muito carnaval. As pessoas dançavam na rua e não estavam nem ai com os carros que passavam e buzinavam frenéticamente. Aquilo me empolgou de verdade. Sai junto com a banda até a festa acabar na Plaza 25 de Mayo. Trocando ideia com o pessoal descobri se tratar de uma banda que toca no carnaval (sim tem carnaval na Bolívia!) e que estavam ensaiando para a festa de ano novo. Voltei pra casa e dormi  o sono dos justos.

Banda Rey Manantial de Sucre tocando nas ruas de Sucre

Gastos (em Bolivianos)

  • 39 hospedagem (~R$ 23)
  • 40 comida (~R$ 23,50)
  • 35 protetor solar (~R$ 20,50)
  • 5 saco de folhas de coca (R$ 3,00)
  • 6 água (R$ 3,5)

Total: 125b (~R$ 73,50 na cotação de 1,70).

Dia 27/12, último dia em Samaipata

Acordei cedinho e fui tomar um café no mercado. Encontrei um senhora que vendia saltenhas que estavam muito bonitas e cheirosas. As saltenhas Bolivianas são muito gostosas, e mais temperadas e com mais molho que as Argentinas ou Brasileiras.

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Mercado de Samaipata

Alimentado, resolvi ir ao meu próximo passeio: O Forte de Samaipata. No dia anterior uma Argentina e um Colombiano muito simpáticos que dividiram o quarto comigo haviam falado muito bem destas ruínas. Fiquei esperando um tempo por Oscar, o mototaxista e depois partimos para o forte.

O caminho era muito bonito. Logo começamos a subir e descer as montanhas que levam ao forte. Adrenalina a mil subimos a montanha mais alta, encontrando no seu topo, a cerca de 2.000 metros de altitude a entrada do parque onde está o forte.

Na entrada paguei a entrada e fiquei um tempo vendo os vários painéis que contam a história do lugar, onde também estão informações de outros pontos turísticos próximos a Samaipata. Por exemplo a Ruta del Che, passagem do guerrilheiro argentino Che Guevara que foi morto pelo exército da Bolívia na cidade de La Higueira. Nos painéis tive os desprazer de ouvir um cara que falava em inglês chamando o Che de terrorista, mas resolvi não discutir e segui meu caminho.

Cheguei ao forte depois de subir uma trilha até a parte mais alta da montanha. No caminho deu para escutar várias histórias de uma guia nativa que acompanhava um grupo grande de pessoas. Os primeiros povos que se tem registro de viverem ali foram os Chanés, originários do Caribe, eles entalharam na grande rocha de arenito diversas figuras como onças, serpentes e pumas e utilizavam o local para cerimônias religiosas e fortificação militar.

Segundo a guia, o local era um ponto de convergência de diversos povos Amazônicos, pois a região é um ponto de encontro de importantes biomas Bolivianos: A Amazônia o Chaco e os Andes. Por volta haviam vários silos onde os povos estocavam comida e realizavam comércio. Quando surgiu o Império Inca, se tornou uma importante cidade e fortificação desse povo, que ali construiu um templo, terraças agrícolas e uma sede administrativa e militar.

Durante anos também foi alvo dos temidos guerreiros Guarani, que chegaram a dominar o local temporariamente. Com o genocídio espanhol passou a se tornar uma fortificação da coroa, e hoje é tombado como patrimonio histórico da humanidade pela UNESCO.20151227_105324

A pedra de arenito onde estão as inscrições Chané20151227_112621

Ruínas Incas20151227_114306

Templo Inca, onde ficavam estátuas e oferendas

20151227_110816Ruínas Espanholas

Voltei para Samaipata e me despedi de Oscar. Resolvi almoçar no mercado, no pequeno restaurante de uma senhora Boliviana: prato do dia Picante de Pollo, um frango ensopado em um molho vermelho e picante, acompanhado de arroz  e batatas. Bem gostoso! A senhora era bem curiosa e fez várias perguntas para mim sobre o Brasil.

Dei uma passeada pela cidade e fui ao museu dos povos originários (você não paga a entrada se tiver o ticket do forte). Apesar de pequeno o museu é bem interessante, tem várias peças de cerâmica, ferramentas e ossos dos diversos povos, com painéis que contam a história e mostram os lugares onde viveram.

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Peças do Museu de Samaipata

Depois dei uma descansada na rede do hostel e fiquei esperando chegar mais próximo do horário do ônibus para preparar uma janta. Fui ao mercado e comprei algumas cebolas, tomates, cheiro verde e macarrão e preparei uma massa. Acabou sobrando, então dividi com uma galera que estava por ali na área de convivência. Ganhei elogios de uma Israelense 🙂

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Macarrão de despedida de Samaipata

Me despedi da galera e fui até o restaurante onde param os ônibus para Sucre. Na parede do restaurante uma lembrança arqueológica dos tempos áureos de nosso Futebol.

20151227_191347Figuras de uma era distante

Quando o Ônibus chegou eu mal sabia a aventura que me esperava. Continua no próximo capitulo!

Aqui nesse album você pode ver as fotos que selecionei do trecho de Santa Cruz e Samaipata.

Gastos (em Bolivianos)

  • 6 café (~R$ 3,33)
  • 35 hospedagem (~R$ 19,44)
  • 40 mototáxi (~R$ 22,22)
  • 50 forte (~R$ 27,78)
  • 6 água (~R$ 3,33)
  • 1o almoço (~R$ 5,55)
  • 20 janta (~R$ 11,11)
  • 150 passagem ônibus para Sucre (~R$ 83,33)

Total: 267b (~R$ 150,00 na cotação de 1,80).

Dia 26/12, primeiro dia em Samaipata

Acordei cedo e dei uma volta pelo Hostel. O Jardim de Samaipata é um hostel ecológico, onde todas as habitações são feitas com técnicas de bioconstrução, com paredes de adobe e material reciclado. Existe também um banheiro seco, onde ao invés de água se utiliza serragem para os dejetos sólidos (depois que encontrei uma aranha em uma das privadas, fiquei um tanto cabreiro de utilizar!). O pessoal também pode acampar no jardim. O clima é de liberdade total e é possível trocar hospedagem por algumas horas de trabalho.

Depois de um tempo notei que a cidade toda respira essa atmosfera ecológica, existem vários grupos de permacultura, hortas e sistemas de troca de trabalho.

20151227_182814 20151226_175443 20151226_063232Fotos do Hostel

Na saída do quarto tive alguma dificuldade com um hospede inesperado, que se recusava terminantemente a sair. Era compreensível, o chão estava fresquinho!

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Hospede inesperado

Finalmente consegui sair para tomar um café da manhã no mesmo lugar que eu havia jantado, o aconchegante “La Chakana” que fica ao lado da praça principal. Dei uma volta pela praça, tirando fotos de algumas esculturas interessantes que ficam por lá.

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La Chakana

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Fotos da Praça

Ai entra em cena o segundo perrengue da viagem. Resolvi comprar minha passagem para Sucre, e descobri que era mais caro do que eu esperava. Ou seja, precisava trocar dinheiro e não havia uma casa de câmbio aberta porque era sábado. Depois de muita peregrinação consegui trocar em um minimercado chamado “Estrejita” que fica na rodovia (consegui 1,70 na cotação).

Mais tranquilo fui em busca de meu próximo passeio. A senhora do táxi havia me avisado de um lugar muito bonito chamado “Cuevas” onde haviam várias cachoeiras. Parti em direção deste lugar, me assustando com os preços que os taxistas cobravam para levar e buscar (100 bolivianos!). Cheguei a conclusão que a forma mais barata (e divertida) de ir até lá seria de mototáxi. Foi então que eu conheci o Oscar, simpático motoqueiro Boliviano que iria me levar para os próximos passeios mais distantes da cidade. 20151226_174437

Oscar

Ir de moto foi um barato. As paisagens são bonitas e andar por aquelas estradas nas montanhas dá um friozinho na barriga. O parque das “Cuevas” é um lugar lindo. Mata tropical, montanhas avermelhadas e belas cachoeiras. Muitos Bolivianos aproveitavam o dia se refrescando nas águas com suas famílias. Valeu muito a pena se aventurar nas trilhas do parque e tomar um banho nas cascatas.

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De volta a cidade dei uma descansada e resolvi dar uma volta e comer algo. Antes fiquei um tempo no hostel curtindo um lual com aquela galera argentina que estava na praça. Depois fui um lugar chamado “La Boheme” onde iria se apresentar uma banda de “Jazz, Fusion, Rock, Bossa Nova Psicodélica” chamada Amazônika. A banda era muito boa! tocaram pelo menos duas músicas brasileiras, várias de Jazz e também duas do Buena Vista Social Clube. O trompetista era muito gente boa e já tinha morado vários anos no nordeste do Brasil.

Na finaleira da noite aparece uma visita inesperada. O meu amigo de quarto entra pela porta da frente e se recusa a sair da balada. Os seguranças tiraram ele, e segundos depois ele pulou pela janela para dentro do bar novamente, ficando lá até se entediar e resolver sair por conta própria. Botei fé nesse cachorro.

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O bar “La Boheme”

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Nosso amigo novamente

Banda Amazonika – Summertime

Gastos (em Bolivianos)

  • 19 café
  • 5 sabonete
  • 4 internet
  • 35 hospedagem
  • 40 mototáxi
  • 15 entrada cuevas
  • 15 lanche
  • 44 janta
  • 25 balada
    Total: 202b (~112 reais na cotação de 1,80).

Dia 25 chegada em Santa Cruz de La Sierra e viagem para Samaipata

Cheguei na Bolívia no dia 25/12. Chegando no Aeroporto Viru Viru em Santa Cruz de La Sierra o primeiro passo foi fazer a migração, que demorou cerca de 1h porque haviam poucas pessoas atendendo (compreensível em um feriado). O Aeroporto tem um tamanho bem parecido com o de Florianópolis, mas se parece menos com um Shopping center.

A primeira coisa que fui fazer foi trocar o dinheiro na casa de câmbio. Como a fila era grande e algumas pessoas disseram que a taxa de câmbio era melhor no centro acabei desistindo de trocar no Aeroporto e peguei uma van direto pro centro (são raros os ônibus para transporte público dentro das cidades na Bolívia e as vans do Aeroporto demoram porque esperam encher).

No caminho não estranhei muito a paisagem. Alguns coqueiros em uma grande planície. Muitas concessionárias, lojas, mercados e restaurantes. Um calor de matar e muitas pessoas pedindo esmolas nas ruas mais próximas do centro. Nada muito diferente de uma cidade grande no Brasil.

Chegando na praça central me toquei de que era Natal (espertão!) e que não haviam casas de câmbio abertas. Pedi informações para uma jovem Boliviana (que sonhava em trabalhar no Brasil) e que me levou a um cambista onde eu teria a minha melhor cotação da viagem (1,80 Bolivianos por Real).

Com alguns Bolivianos no bolso (depois me arrependi de não ter trocado mais) sai para almoçar em um pequeno restaurante que parecia ser chinês, um dos únicos que estava aberto. Comi um macarrão com banana frita, carne de gado e purê de alguma batata bem diferente, e claro, como eu viria a descobrir quase tudo vem com sopa na Bolívia.

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Primeiro rango na Bolivia

Dei uma volta pela praça que fica em frente à catedral da cidade. Haviam vários Bolivianos descansando e conversando, a maioria tinha traços indígenas. A praça estava enfeitada para o Natal e  havia um papai noel com suas tradicionais vestimentas da Coca Cola, “bem próprias” para uma região tropical como Santa Cruz.

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Praça central de Santa Cruz

Como minha ideia era ir direto a Samaipata comecei a pedir informações. Acabei achando algumas coisas interessantes, como cartazes de cursos de  linguagens originárias para funcionários públicos (Guarani e Quechua) e um estêncil do Papa Francisco cheio da grana.

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Coisas interessantes pelo centro

Depois de um tempo andando como barata tonta pelo centro acabei pedindo um Táxi. O motorista era simpático e um grande fã do Evo Morales Ayma, Presidente da Bolívia, que segundo ele deveria governar por mais “50 anos”, pois as coisas haviam melhorado muito para o povo graças a nacionalização das reservas de petróleo e gás. O motorista me deixou no terminal velho, onde peguei um “Táxi Coletivo” até Samaipata.

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No táxi coletivo

Não tive tanta sorte com o segundo motorista que era bem ranzinza. Mas em compensação a senhora que sentou do meu lado foi muito querida e atenciosa ao me explicar os pontos por onde passávamos na estrada e ao me tranquilizar quando começamos a subir a serra em uma estrada um tanto ruim. Ali começou a mudança da paisagem, da planície para a montanha e da vegetação esparsa para uma mata um pouco mais densa. Rios um tanto secos e avermelhados cortavam as montanhas e as pedras tinham várias cores. Foram cerca de 3 horas até chegarmos em Samaipata, que fica em um vale.

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A caminho de Samaipata

O motorista me deixou direto no hostel “El jardim de Samaipata“, dica de um amigo Colombiano que ficou um tempo trabalhando lá. Já estava entardecendo então aproveitei para dar uma passeada na cidade, comer algo e tomar uma cerveja (que são boas, embora seja difícil beber uma gelada de verdade). Depois dei uma passeada na praça onde vi a apresentação de um grupo circense formado por Argentinos e um Venezuelano, que depois descobri que estavam hospedados no mesmo hostel que eu. Cansado, fui ao hostel e dormi ansioso para o dia seguinte.

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Apresentação circense na praça de Samaipata

Gastos (em Bolivianos)

  • 6 ônibus aeroporto
  • 27 almoço
  • 15 táxi para terminal velho
  • 40 táxi coletivo para Samaipata
  • 35 hospedagem
  • 7,5 toalha de banho
  • 55 janta (comi em lugar de turista e bebi cerveja!)

    Total: 185,50 (~103 reais na cotação de 1,80).

Preparativos

Essa é a última das preliminares antes de entrar nas histórias (eu juro!). Achei importante dizer o que levei comigo, e também o que deixei de levar, de forma que futuros viajantes possam pegar algumas dicas, dado que essa foi uma das partes mais difíceis  de se colher informações.

Bom acho que a principal dificuldade é que escolher o que levar é uma questão bem pessoal. De toda forma espero ajudar, então vamos lá.

Para carregar minhas coisas levei uma mochila. Minha mochila não é do estilo daquelas mochilas que o pessoal costuma fazer “mochilão” por aí. É uma mochila executiva com rodinhas (!). Não quis comprar outra mochila, então fui com essa mesmo.

Suas configurações são: volume 54.23L, 3 kg, dimensões 34 X 29 X 55 cm

Confesso que não tive problema algum com ela. As rodinhas ajudam bastante principalmente na locomoção dentro de aeroportos e rodoviárias onde o chão é mais regular, e o espaço foi mais do que suficiente. Além disso o tamanho dela me permitiu que eu a levasse como bagagem de mão na maioria das vezes que viajei de avião ou ônibus, diminuindo o tempo na retirada da bagagem.

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A mochila

Depois vem o recheio. Resolvi levar roupas equivalentes para cerca de 7 dias. Sendo assim, teria que procurar onde lavar roupas por lá. Como imaginei que em alguns lugares faz frio (e faz mesmo!), acabei levando também alguns casacos (3).

Roupas:

  • 8  camisetas
  • 7 roupas de baixo
  • 9 pares de meia
  • 2 bermudas (uma para banho)
  • 2 calças jeans
  • 1 casaco de moleton com capuz
  • 2 blusas fina de lã (acho que sintética)
  • 1 chapéu
  • 1 cinto
  • 1 par de tênis esportivos (deveria ter levado uma bota leve, o tênis acabou danificado)

Material de higiene (levei em uma pequena bolsa dentro da mochila):

  • Escova e pasta de dente pequenas (importante porque nos voos
  • internacionais eles podem jogar fora)
  • Desodorante de rolinho (mesma coisa que acima)
  • Pílulas para Soroche, o “mal da altitude” (valeu Eleonora!)
  • Aparelho de barbear (que acabei não usando)
  • Soro (para hidratação)
  • Floratil (para o piriri)
  • Pente pequeno

Demais:

  • 1 celular (com câmera de 8 megapixels e capacidade de filmar em HD).
  • 1 carregador para o celular
  • 1 cabo USB para transmissão de dados
  • 1 bateria auxiliar (aproximadamente de uma carga extra, 5.200 mah, uma ótima ideia. você pode carregar dentro do sapato numa viagem de ônibus/avião por exemplo).
  • 1 pendrive de 8gb (para não faltar espaço e tirar uma cópia de segurança)
  • 1 fone de ouvidos daqueles simples
  • 2 livros para ler no caminho
  • lanterna pequena que pode ser carregada dando corda (acabei não usando)
  • 1 saco de 500g de amendoim japonês (tem história pra contar)
  • 1 garrafinha de 500ml de água
  • óculos de leitura (que acabei não usando)
  • passaporte
  • cartão de crédito internacional
  • carteirinha internacional de vacinação expedida pela ANVISA (teóricamente exigida pelo Estado Boliviano, mas nunca pediram)
  • 1250 reais em dinheiro

Com todo o material a mochila estava pesando cerca de 8kg.
Bom, isso foi o que eu levei. No geral, não sofri com as escolhas que fiz. As vezes carregava algumas coisas dentro de uma sacola plástica, para facilitar o uso em viagens de ônibus e avião por exemplo.

Mas me esqueci algumas coisas bem importantes:

  • Protetor solar (duh!)
  • Toalha (maioria dos albergues/hostels não tem ou cobram para alugar)
  • Sabonete (nem precisa de explicação)
  • Chinelos (bom pra sair do banho e caminhar mais numa boa)
  • Luvas (faz muito frio em Uiuny)
  • Óculos escuros (o deserto de sal reflete muita luz)

Sobre dinheiro:

Ao longo dos dias vou detalhando os gastos que tive. Ainda não fiz os cálculos, mas creio que valia a pena ter levado todo o dinheiro que eu pretendia gastar e trocar tudo no câmbio de Santa Cruz.

A questão é que deixei para sacar toda a grana no aeroporto no mesmo dia da viagem, esquecendo de que existe um limite para saque que não era muito alto no meu caso. Além disso não tinha muito como saber qual era a cotação em cada lugar.

De qualquer forma entra naquela questão de correr o risco de ser assaltado e perder toda a grana. No fim levei meu cartão para realizar saques no exterior.

No caso de saques no exterior, geralmente é aplicada um taxa por saque de 5 dólares + IOF (cerca de 6.8% atualmente), e a cotação utilizada é a oficial do dia (se o saque for no crédito o valor é corrigido posteriormente). Esse post explica bem como fazer e meio que salvou minha vida quando a grana acabou.

É muito difícil aceitarem cartão de crédito na Bolívia. Talvez em Santa Cruz seja mais fácil. O único momento que precisei usar o cartão foi na compra da passagem aérea de La Paz para Santa Cruz, já no fim da viagem.

Dicas para economizar se divertindo:

  • Pechinche! sempre dá pra economizar uns trocados. Na viagem encontrei algumas Argentinas que eram realmente muito boas nisso.
  • Evite os lugares “com pinta pra turista”, que em geral são bem mais caros. Eles são fáceis de identificar, vai por mim.
  • Caminhe e/ou utilize transporte público ao invés de Táxi.
  • Coma no mercado público ou vá na feira e faça o rancho (cozinhar as vezes saí mais caro que um baita pratão típico, se não for dividir com a galera)
  • Compre água grande ao invés das pequenas: você pode levar uma garrafinha pra ir enchendo e deixar o galão no quarto do hostel por exemplo.
  • Prefira hostel (albergue)
  • Se for comprar passeios, nunca compre direto no hostel.
  • Pesquise os preços.
  • Não coma em aeroportos.
  • Sempre vá em várias casas de câmbio e negocie o preço para o montante trocado.

Bem, acho que era isso! Amanhã continuo com o inicio das histórias de viagem.

Roteiro

A ideia do roteiro surgiu de diversas pesquisas na Web e conversas com amigos. Santa Cruz de La Sierra (A) seria o ponto de inicio do caminho na Bolívia devido aos preços mais acessíveis das passagens aéreas partindo do Brasil. Depois a ideia seria ir para uma cidade “não tão alta” para ir me acostumando com a altitude, ou seja, escolhi Sucre (2500m de altitude, ponto B) para esse ponto. O próximo ponto seria Potosi, depois o deserto de Uiuny (D) e por fim a viagem terminaria em La Paz (E). A volta seria feita por Cochabamba (G), e por fim o retorno a Santa Cruz. Todos os trajetos dentro da Bolívia seriam realizados em ônibus

Por fim, depois de novas conversas com amigos acabei incluindo a pequena cidade de Samaipata (B) como segunda parada, e Copacabana e a Ilha do Sol como o último destino a ser conhecido (F). O roteiro original pode ser visto no mapa abaixo.

roteiroBoliviaAntigo

Roteiro Original na Bolívia

Durante a viagem acabei realizando algumas mudanças no roteiro. Desisti de conhecer Potosi, pois o principal ponto turístico da cidade era uma mina de prata onde pessoas, inclusive crianças, trabalham em condições desumanas. A cidade também tem algumas coisas históricas interessantes, como a casa da moeda e a histórica mansão de um cara que já foi o homem mais rico do mundo,  mas que achei que não valiam a pena conhecer devido ao tempo curto da viagem.

Outra mudança foi que desisti de voltar de La Paz até Santa Cruz passando por Cochabamba via estrada. O tempo da viagem já estava apertado e haviam ocorrido deslizamentos de terra no trecho entre Cochabamba e Santa Cruz, ou seja fiquei cabreiro de perder o meu voo de Santa Cruz de volta para o Brasil. O roteiro final pode ser visto abaixo, com o pontilhado sendo o trecho feito de avião de La Paz até Santa Cruz.

roteiroBolivia

Roteiro Executado na Bolívia

Para chegar na Bolívia o caminho não foi tão simples. Vivo em Florianópolis e queria passar o natal com a família em Curitiba. Os voos mais baratos partem de São Paulo. Por fim acabei fazendo o seguinte caminho:

Florianópolis -> Curitiba, via ônibus – 4h
Curitiba -> São Paulo (Guarulhos) , via avião – 1h
São Paulo -> Santa Cruz de La Sierra, via avião – 3h

Parece loucura. Na realidade é… Mas no fim das contas se eu tivesse optado por ir direto de Florianópolis para Santa Cruz eu teria que esperar cerca de 12 horas no aeroporto, o preço da passagem seria um tanto mais alto e eu não daria um abraço na mãe e ainda comeria comida de aeroporto 🙂

Preços:
Passagem de avião Santa Cruz -> São Paulo (ida e volta): R$ 1334,14 (GOL)
Passagem de avião Curitiba -> São Paulo (ida e volta): R$ 300,00 (TAM)
Passagem de ônibus Curitiba -> Florianópolis (ida e volta): R$ 150,00 (Catarinense)

As vezes rolam umas promoções boas de voos para Santa Cruz! infelizmente não estavam rolando no dia que comprei a passagem (pouco mais de 2 meses antes). Dois dias depois a passagem estava mais barata. Coisas da vida. O negócio é ficar monitorando, com softwares como este.

Principais referências na elaboração do roteiro:

Inauguração do Blog – Viagem pela Bolívia

 

Introdução: Recém cheguei de uma viagem emocionante de 15 dias pela Bolívia. A empolgação foi tanta que resolvi começar a escrever um blog sobre a viagem.

Objetivos: O blog tem dois objetivos principais: socializar o conhecimento adquirido nessa viagem para os futuros viajantes e compartilhar com amig@s as vivências que tive. No futuro usarei esse espaço para contar histórias de novas viagens e talvez eu conte causos sobre viagens passadas também.

Motivação: Muitos me perguntaram porque escolhi a Bolívia. Bom, espero que as fotos, vídeos e narrativas possam responder essa pergunta. Paisagens incríveis e culturas riquíssimas são um breve resumo!

Agradecimentos: Agradeço a todos os amigos e amigas que me deram dicas para esta viagem, e que de alguma forma me ajudaram nela: Bob, Mari, Eleonora, Rubens, Júlio, Melga, Hanna e Jéssica. Perdão se esqueci de alguém!

Referências: Utilizei muito conhecimento compartilhado por outros viajantes antes de fazer esta viagem. Irei indicar algumas referências ao longo das publicações.

Em Memória de Aline Zart, que em vida tanto me ensinou que viajar é preciso.