Dia 03/01, segundo dia em La Paz: a feira de El Alto

Acordei com uma ressaca das brabas a uma e meia da tarde. O Russo, que estava na cama ao lado e que era muito parecido com o Ozzy Ousborne me perguntou se “eu estava vivo”. Confirmei meio hesitante e tentei lembrar do que havia acontecido depois das doses de tequila. Quando encontrei meu cinto descobri que havia quebrado a fivela. Então desisti de tentar me lembrar das coisas.

Tomei um banho e sai para almoçar com uns Brasileiros que estavam viajando com uma Argentina. Fomos até um daqueles restaurantes chineses. Foi bem engraçado quando um deles resolveu experimentar um molhinho de pimenta que havia em um pote, e exagerou na dose pensando que era molho de tomate. No papo descobri que é bem comum a galera fazer alguns passeios por volta de La Paz através de agências, como o Vale da Lua, a descida de bicicleta na estrada mais perigosa do mundo e a subida ao monte Chacaltaya. Confesso que me empolguei em conhecer esses lugares, especialmente o Vale da Lula e o monte Chacaltaya, mas precisava economizar e pensei em fazer algumas coisas mais diferentes pela cidade.

Lembrei que Daniel, o Costa-riquenho da viagem de Uyuni havia me falado sobre “El Alto“, cidade da região da periferia de La Paz onde nos domingos e nas quintas acontece uma grande feira popular. Resolvi ir para lá em busca de um cinto novo e também para conhecer um pouco da realidade da população fora da zona turística. Então fui até a estação de Teleféricos e peguei um daqueles bondinhos até o topo do morro. A estrutura e organização deste meio de transporte público, gerenciado por uma empresa Estatal me impressionou bastante. Mas uma coisa me chamou a atenção: nas propagandas das empresas Bolivianas a maioria dos artistas são brancos, destoando da maioria indígena do país. Nada muito diferente do Brasil.

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A estação do teleférico

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Fundos da estação, um ônibus toda grafitado

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Galera bem branquinha na propaganda de casa própria

La Paz me lembrou bastante o Rio de Janeiro e também Florianópolis, com a elite vivendo em bairros “nobres” e os pobres empilhados em casas sem pintura nos morros. A grande diferença é que a população dos morros na Bolívia é praticamente toda indígena ou mestiça, enquanto no Brasil a maioria dos pobres é preta ou parda (é difícil ver negros na Bolívia). Outras coisas também chamaram a atenção, como passar por cima do gigantesco cemitério da cidade ou ver um carro preso em um abismo.

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Vista do teleférico

20160103_161043 Por cima do cemitério de La Paz

A vista de El Alto é impressionante, dando para ver quase toda a cidade, com o majestoso monte Illimani ao fundo (infelizmente coberto pelas nuvens). A cidade é considerada a grande cidade mais alta do mundo, estando a 4.070 metros acima do nível do mar e com quase 1 milhão de habitantes.

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La Paz vista de El Alto

A feira é uma loucura, com muita gente caminhando e com barraquinhas que vendem tudo que você possa imaginar: peças de carro, papel higiênico, roupas de todos os tipos, cds, comida, artigos religiosos, pornografia, ervas e sementes, pequenos animais. Haviam me falado para tomar cuidado com a segurança, mas confesso que me senti seguro andando pela feira. Aliás, essa é uma sensação de segurança que tive por toda a Bolívia, você nota que a pobreza é bem presente mas aparentemente o crime não predomina e a presença da Policia e das demais forças de repressão do Estado não são tão visíveis como no Brasil.

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Artigos vendidos na feira

Dei uma passeada pela região e comecei a escutar uma música ao fundo. Encontrei muitas pessoas assistindo o que parecia ser uma cerimônia religiosa tradicional, com Cholas dançando, uma banda, algumas oferendas e vários homens de terno. Prestando mais atenção me dei conta de que era uma cerimônia evangélica! Fiquei impressionado com o sincretismo religioso, muito parecido com o que temos aqui no Brasil com a Umbanda ou o Santo Daime.

Dança religiosa em El Alto

Me afastei um pouco da muvuca e encontrei uma série de murais gigantes que me chamaram bastante a atenção. São murais feitos em homenagem ao povo de El Alto, que em 2003 se revoltou contra o governo na chamada Guerra do Gás. Na época, muitos residentes de El Alto foram assassinados pelo exército, mas resistiram até a fuga do então Presidente neoliberal Gonzalo Sánchez de Lozada, culminando com a nacionalização dos hidrocarbonetos.

20160103_165625 20160103_164931 20160103_165612Murais em homenagem aos mortos na Guerra do Gás de 2003

Caminhei mais um pouco e encontrei algo bem bizarro: uma casa de shows onde ocorre luta de Cholas. No começo pensei que era algo para gringo ver, mas depois encontrei algumas barraquinhas que vendiam DVDs dessas lutas, que ocorrem também no interior do país. Tinha até plateia nas barraquinhas assistindo as lutas.

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Luta livre de Cholas!

Cholas se pegando na porrada no interior do país

Visitar a feira foi realmente divertido. Além das coisas mencionadas acima, ainda consegui assistir uma banda de rua tocando, comprar meu cinto, escutar rap Boliviano, tomar api e suco de pêssego e ainda tirar a foto mais fofa da viagem.

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Api e Suco de Pessêgo (com a fruta curtida dentro)

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A foto mais fofa da viagem: pai tirando foto da filha com duas Llamas

Banda de rua em El Alto

Na volta parti para o hostel e fui jogar sinuca e tomar cerveja com os brasileiros e dois amigos Argentinos portẽnos chamados Damian (O Chichalito) e Nazareno. Passamos algumas horas conversando sobre bandas de Rock e jogando algumas partidas. No final eu e Mychel vencemos a disputa contra os Argentinos e não deixamos de tirar um sarro deles para atiçar a velha rivalidade 🙂

Gastos (em Bolivianos)

  • 15 almoço (~R$ 8,82)
  • 55 hostel (~R$32,35)
  • 50 cinto (~R$ 29,40)
  • 6 teleférico (~R$ 3,50)
  • 25 janta (~R$ 14,70)
  • 28 cerveja (~R$ 16,47)

Total: 159 bolivianos (~R$ 93,52 na cotação de 1,70).

Dia 02/01, primeiro dia em La Paz: o centro histórico e a festa no hostel

Cheguei na rodoviária de La Paz pela madrugada. Não quis arriscar uma caminhada naquele horário, então resolvi pegar um Táxi até o hostel que os europeus tinham me indicado em Uyuni. O hostel se chama Loki, faz parte de uma rede internacional e fica próximo da igreja de São Francisco e da praça de mesmo nome, em uma região que representa o centro histórico da maior cidade da Bolívia.

Consegui uma cama em um quarto e dormi até umas 10:30, acordei e a primeira coisa que fiz foi tomar um demorado banho, afinal faziam 4 dias que eu não via água de chuveiro (eca!). O hostel tem uma grande estrutura, a maior que vi para esse tipo de hospedagem. É um prédio de 6 andares, sendo que 2 são de áreas de convivência e o restante habitações coletivas e individuais. No meu quarto estava um Russo chamado Alexander e dois Brasileiros chamados Lucas e Mychel, além de vários Argentinos que acabei não conhecendo.

Na área de convivência lá do térreo havia rede sem fio, algumas poltronas, uma espécie de agência de turismo com passeios em todo país e chá (inclusive de coca!)  e café (em pó) de graça. Já a área de convivência do último andar tem mesa de sinuca, várias mesas, um bar e funciona como um salão de festas durante a noite. É quase uma bolha do “primeiro mundo”, pois alguns gringos costumam passar o dia todo lá escutando música anglo-saxã, navegando na internet, vendo jogos de futebol de times europeus e bebendo.

Tomei umas duas canecas grandes de chá de coca e sai dar uma volta para comer algo e conhecer o centro histórico. O troço bateu forte e sai bem eufórico caminhando pelo centro. Minha primeira parada foi na Praça Murilo, de frente para a catedral e sede do governo federal. A praça é bem bonita, tem várias estátuas de mármore, é bem arborizada e muitas pessoas ficam por ali lendo seu jornal, passando o tempo e dando de comer para os pombos.

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Praça Murilo

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Crianças alimentando os pombos

Os prédios do governo federal são bem bonitos, com uma arquitetura que lembra um pouco os prédios que vi em Madrid e Barcelona. Havia presença policial, mas menos que eu esperava para uma região tão estratégica. Consegui avistar algumas poucas motos, um canhão de água blindado e alguns guardas daqueles imóveis na frente da sede. Uma coisa que me chamou a atenção foi a bandeira multicolorida chamada “wiphala”, símbolo étnico dos povos originários dos Andes e que desde que Evo assumiu em 2008 representa o Estado Plurinacional da Bolívia.

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Sede do governo federal e os guardinhas

20160104_095513Prefeitura, a wiphala é a primeira bandeira da esquerda pra direita

Resolvi almoçar em um restaurante chinês que encontrei nos arredores. Em toda a La Paz existem muitos desdes restaurantes chineses, que servem frango frito com algum tipo de acompanhamento. Pedi frango frito com arroz e batatas fritas e veio um prato com muita, mas muita comida (principalmente arroz). Sofri e não consegui comer tudo, servindo como experiência para minhas próximas refeições em La Paz. Neste restaurante também conheci um grupo de Argentinos que eu viria a encontrar novamente em outro momento da viagem.

Caminhei mais um pouco pelo centro, encontrando algumas pichações e grafites interessantes. As ruas de La Paz, assim como as de boa parte do país estão repletas de pichações de dois tipos: declarações de amor e mensagens de apoio ou repúdio ao referendo que acontecerá dia 21 de Fevereiro e que irá decidir (entre outras coisas) se Evo Morales poderá ser candidato a Presidente novamente. Pelo que percebi a população está bem polarizada e o governo já enfrenta desgaste mesmo entre seus apoiadores. Mas até que é divertido ver algumas das mensagens, por exemplo: alguém escreve “No” (contra Evo) e depois um apoiador do governo completa “No se vá Evo”.

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Placa contra a violência contra as mulheres

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Mensagem de apoio ao referendo

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Mensagem contrária ao referendo

Também encontrei algumas mensagens feministas, inclusive placas governamentais contra a violência contra as mulheres. Por fim, não é raro encontrar lojas que vendem produtos brasileiros, inclusive igrejas evangélicas como a Universal, que tem várias filiais na Bolívia. A fé é um dos nossos produtos de exportação.

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Grafite bacana

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Igreja Universal e sua filial em La Paz

Por fim voltei até o hostel. Me disseram que haveria uma festa durante a noite, então resolvi ver qual era. Fui com os Brasileiros e ficamos bebendo e trocando ideias. Resolvi experimentar os tais drinks promocionais de algum suco com rum. Bebi vários daqueles, que pareciam “fraquinhos”. Então a festa começou a ficar uma loucura, com gente dançando em cima da mesa, tirando a camisa e todas essas coisas que você assiste naqueles filmes de adolescentes americanos. Foi nesse momento que resolvi experimentar algumas doses de tequila. Bom, a história desta noite termina por aqui.

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  Hostel Loki – o salão de festas

Gastos (em Bolivianos)

  • 15 táxi (~R$ 8,82)
  • 55 hostel (~R$32,35)
  • 28 almoço (~R$ 16,50)
  • 6 água (~R$ 3,50)
  • 3,50 (~R$ 2,00)
  • 5 jornal (~R$ 2,94)
  • 100 “cachaça” (~R$ 58,82)

Total: 210 bolivianos (~R$ 123,52 na cotação de 1,70).

Perereca Suicida – um hit brasileiro na Bolívia

Perereca Suicida – hit brasileiro na Bolívia (sim a gravação é horrível)

Interrompemos a programação das publicações da viagem para uma lembrança aleatória: o funk Perereca Suicida é um hit na Bolívia!

A primeira vez que escutei a música foi em Samaipata, um pequeno povoado com uma atmosfera meio hippie. Lá, no meio do mercado público, cercado de Cholas e gente falando em Queshua escutei aquela som característico vindo deu ma loja de música. No começo não acreditei no que estava ouvindo, mas depois confirmei com o refrão.

Depois em Sucre, perto do mercado. E por fim em uma festa em La Paz.

Funk, gostem ou não, é um produto de exportação legitimamente brasileiro!

Dia 01/01, terceiro dia no deserto, ressaca, gêiseres e a viagem para La Paz

Bom, não preciso dizer que acordei com uma ressaca desgraçada. Chá de coca não faz milagre, então passei a manhã toda meio enjoado ainda mais porque o trajeto até os gêiseres não era dos mais regulares.

Os gêiseres foram a primeira parada. A paisagem faz você pensar que está em outro planeta, com um vale desértico cercado por montanhas de pedra que parecem que foram empilhadas por pessoas. O cheiro é de enxofre e existem umas poças de um fluído que lembra lava e fica borbulhando. Os  gêiseres são um barato e dá pra brincar de pular por cima deles (sentir aquele jato de vapor quente na bunda é meio apavorante). Não preciso dizer que pular por cima dos gêiseres de ressaca não é uma boa ideia.

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Os gêiseres

Partimos dos gêiseres direto para as águas termais. Um lago de águas quentes, aquecidas pela atividade vulcânica da região. É permitido entrar na água, desde que você pague a taxa necessária. Eu ainda estava meio mal, então não me empolguei muito. Fiquei sem poder tirar fotos depois dos gêiseres, pois a bateria do celular havia acabado na noite anterior (havia quase uma “guerra da tomada” de várias pessoas que lutavam por esse escasso recurso de nosso alojamento).

A próxima parada foi a laguna verde, próxima da fronteira com o Chile. A laguna não tem vida, pois suas águas são excessivamente sulfurosas, o que ao mesmo tempo lhe confere uma cor esverdeada que muda ao longo do dia. Além disso a lagoa fica de frente para o majestoso vulcão Licanbur, que tem quase 6.000 metros de altitude.

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Licanbur e a laguna verde (foto da Wikipédia)

Depois do Vulcão partimos para a fronteira com o Chile, onde a Suiça e o Alemão iriam pegar uma van direto para San Pedro de Atacama, no Chile. Nos despedimos e seguimos viagem. Estávamos começando a ficar com fome, então entrou em cena aquele personagem que havia sido esquecido desde o inicio da viagem: O amendoim japonês, que fez um tremendo sucesso com a galera e que ainda seria aproveitado em outro momento da viagem.

O resto da viagem foi bem tranquilo e não tivemos mais muitas paradas interessantes. Paramos para almoçar em um vilarejo e depois paramos em outro pueblo para lanchar já no final da tarde. Haviam várias pessoas trabalhando no mercado público e outras bem bêbadas em uma festa de ano novo interminável. Um sujeito quis trocar seu chapéu pelo meu mas neguei com veemência.

Foi então que chegamos em Uiuny no inicio da noite. Eu, o outro Pablo e Daniel nos despedimos de Ernesto e dos demais e partimos em busca de uma boa janta e uma tomada para carregar nossos celulares. Conseguimos encontrar uma pizzaria e ficamos um tempão trocando ideias. Depois partimos para a parada dos ônibus onde eu iria pegar minha condução para Oruro e depois para La Paz.

Mostrei meu bilhete para a senhora da agência que me disse para esperar e depois falou algo que na hora não compreendi muito bem, mas achei que não era importante. Fiquei esperando e nada. Quando havia passado o horário do ônibus voltei na agência e perguntei se havia ocorrido algum atraso. Fui pego de surpresa quando ela disse “Seu ônibus já saiu, a companhia mudou, não é essa do bilhete”. Fiquei desesperado, me despedi na corrida de Pablo e Daniel e sai em busca de um Táxi. Peguei o primeiro que vi e falei para ele pisar fundo em busca do ônibus, que havia saído a cerca de 10 minutos. Adrenalina a mil conseguimos pegar o ônibus no caminho. Até agora não sei se o Taxista me deu o troco certo, mas pelo menos consegui entrar no ônibus e partir para Oruro aliviado.

A estrada era boa, uma das melhores da Bolívia. Chegando em Oruro fiquei meio desesperado pois a rodoviária estava fechada e eu tinha que pegar outro ônibus para La Paz. Mas tudo se dá um jeito na Bolívia, haviam várias pessoas vendendo passagens no meio da rua, em plena madrugada. Peguei o primeiro ônibus que consegui e parti rumo a La Paz, próximo capitulo deste blog.

As fotos da viagem pelo deserto e salar podem ser vistas aqui.

Gastos (em Bolivianos)

  • 50 janta (~R$ 29,00)
  • 5 banheiro (~R$3)
  • 60 ônibus para Oruro (~R$ 35,00)
  • 25 ônibus para La Paz (~R$ 14,70)
  • 50 táxi para perseguir o ônibus (~R$ 29,00)

Total: 190 bolivianos (~R$ 112 na cotação de 1,70).

Dia 31/12, segundo dia em Uyuni, o deserto, as lagoas e o ano novo

Acordamos e por volta das 7 da matina partimos pelo deserto. No caminho passamos por várias roças que Ernesto disse serem de Quinoa,  o nutritivo grão tão caro no Brasil é uma comida bem popular na região andina.  No caminho a gente ia revesando quem sentava na frente ao lado de Ernesto. Cada pessoa que ia na frente acabava puxando um papo diferente: música, futebol, politica, cultura em geral. Foi uma baita troca de experiências.

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Rumo ao segundo dia de passeio pelo deserto!

Depois de um tempo paramos em um mercado de um pequeno vilarejo para a galera comprar bebidas para a festa de ano novo. É bem interessante notar a estrutura que esses pequenos vilarejos tem, com postos de saúde, escolas novas, ginásios de esportes e sistemas de abastecimento de água (o programa “mais água” do governo federal deles), sempre acompanhados das plaquinhas com a foto do Evo.

Em seguida viajamos mais algumas horas até a próxima parada, sempre acompanhados da trilha sonora escolhida por Ernesto que tentava agradar a todos os públicos do carro. Começou com música Brasileira: o forró de Robério e seus Teclados (que para mim era novidade), passando para clássicos como Morango do Nordeste, Toque toque meu bem e a época de ouro de Chitãozinho e Chororó. Depois colocou música caribenha para tentar agradar os Costa-riquenhos (que reclamaram que lá não é Caribe, mas sim América Central) e Cumbia e Reggaeton para os Argentinos. Não deu muito certo, mas estava divertido e um tanto surreal.

Dj Ernesto – Robério e seus teclados

Dj Ernesto – Morango do Nordeste

A primeira parada para passeio foi em um vale com rochas esculpidas pelo tempo com o belo vulcão Ollagüe ao fundo. Ficamos por ali por uns 20 minutos e depois partimos para a primeira lagoa, que estava um tanto seca pela falta de chuvas. A lagoa Cañapa tinha um cheiro de enxofre, mas mesmo assim tinha muita vida. Vários flamingos, insetos e passarinhos viviam ali.

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Vulcão Ollagüe que fica na fronteira do Chile com a Bolívia

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Pedras esculpidas pelo vento

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Lagoa Cañapa

Já estávamos com fome, então a próxima parada foi para almoçar ao lado da lagoa Hedionda (o cheiro era hediondo). O rango foi simples porém gostoso, batatas (para variar), macarrão, carne, maionese e salada. Pelo que entendi os motoristas dos passeios levam tudo semipronto e só esquentam nos locais onde paramos.

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Proibido voar na Laguna Hedionda!

A próxima parada foi a laguna Ramaditas. Nessa lagoa não havia tanta vida como nas outras. De lá partimos para o Deserto Siloli, um dos mais áridos do mundo. A primeira parada no deserto foi na famosa árvore de pedra, onde existe uma formação rochosa que lembra uma árvore e um vento de matar. Achei bem parecido com Vila Velha, em Ponta Grossa no Paraná. O mais bacana foi encontrar um coelho Viscacha em cima de rochas próximas, imóvel e camuflado.

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Laguna Ramaditas

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Coelho nas rochas

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A árvore de pedra

 Para fechar os passeios do dia seguimos para o Parque Nacional Eduardo Avaroa, onde está a famosa Laguna Colorada. Ernesto tinha um plano: estávamos em 7 pessoas, mas o normal é estarem em 6 no carro. A ideia era que alguém ficasse escondido e não pagasse os 150 bolivianos da entrada (cerca de 90 reais). O dinheiro economizado seria empregado em bebidas para a coletividade. Fui o escolhido, e fiquei escondido no meio dos bancos até a gente passar pelos guardas do parque. Respirei aliviado quando passamos.

A Laguna Colorada é linda. A cereja do bolo do passeio do segundo dia. Ela é enorme, e o verde, vermelho e branco se misturam e uma paisagem quase lunar. Diversos tipos de Flamingos, como o Flamingo Chileno e o Flamingo Andino vivem ali.

20151231_165446 20151231_170544Laguna Colorada

Já bem cansados partimos no final de tarde para o alojamento onde iriamos passar a virada do ano. Na janta comemos um macarrão que estava muito bom e começamos a beber vinho para comemorar. O vinho Kohlberg seco era o mais bacana, mas tinha um mais barato (15 bolivianos de diferença, nem 10 reais!) que compramos que parecia suco de uva com MUITO açúcar. Era horrível. Já meio alegre fui na vendinha e consegui negociar a troca de uma garrafa daquele vinho bizarro por outro Kohlberg (pagando alguns bolivianos a mais), aproveitei e comprei luvas porque estava realmente muito frio.

Uma das coisas mais espetaculares que vi na viagem foi o céu estrelado no meio do deserto. A quase ausência de luz artificial nos arredores te faz ver muitas, mas muitas estrelas. É algo fascinante. Não é a toa que o maior observatório astronômico do mundo fica localizado no deserto de Atacama, bem próximo de onde estávamos.

O resto da noite foi bem divertido. Brindamos várias vezes o ano novo, por causa das diferenças de fusos. Quando a festa em nosso alojamento acabou partimos para uma outra no alojamento ao lado. Aquela festa estava bem animada com gente de quase todos os continentes, muita música, bebida e diversão. Fomos dormir quase todos bêbados as 2 da manhã. Não é difícil imaginar que acordar as 4 horas para o próximo dia de passeio foi um tanto difícil.

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O Alojamento no deserto

Gastos (em Bolivianos)

  • 3 banheiro (~R$ 1,7)
  • 30 vinho (~R$ 17,64)
  • 15 cerveja (~R$8,8)

Total: 48 bolivianos (~R$ 28,23 na cotação de 1,70).

Dia 30/12, primeiro dia em Uyuni e no salar

Entrei no ônibus e me preparei para a próxima aventura. Bom, para variar a própria viagem de ônibus teve seus ares de aventura. Passamos nos arredores de Potosi, a segunda cidade mais alta do mundo, que acabei desistindo de conhecer conforme explico aqui. O ônibus tinha banheiro e ar condicionado mas o motorista estava exagerando na temperatura. Tinha um sujeito asiático ao meu lado que se abanava com o chapéu a todo momento e parecia estar passando mal de tanto calor. A temperatura estava tão alta que o ar quente queimou a minha mão que estava encostada na janela. No fim, depois de tanta gente reclamar o motorista colocou uma temperatura mais adequada.

Quando estávamos chegando em Uiuny tentei conversar com alguns gringos que estavam no ônibus para fecharmos um grupo para o passeio. Uma moça Francesa disse que “estávamos fodidos” porque não haveria passeio de 3 dias por causa do ano novo. Chegamos em Uiuny as 4:30 da manhã e fomos recebidos por uma senhora Boliviana que nos ofereceu o pacote de 3 dias por 700 bolivianos cada (cerca de 410 reais, não incluí entrada ao parque nacional que custa 150 bolivianos). Não havia mais ninguém oferecendo pacotes por ali e estava muito frio, então não hesitamos e partimos com a senhora que administra a agência “Joyas del Sur“.

Nos juntamos eu, a Francesa (que não me lembro o nome) e um casal formado pelo Alemão Laurin e pela Suiça Eliane e fomos com a senhora para um lugar onde serviam café da manhã. Por lá trocamos várias ideias sobre a viagem, a Francesa estava quase voltando para casa e iria fazer o passeio de 1 dia pelo salar, já o casal (que haviam se conhecido na viagem) iria viajar por mais alguns meses para o Chile e talvez até para o Brasil.

Depois partimos para o mercado, onde resolvemos comprar mantimentos para o passeio no salar. Compramos muita água (importante!), papel higiênico, algumas porcarias para comer e vinho boliviano para a festa do ano novo. Também abasteci meu saquinho de folhas de coca, dado que o salar é bem alto e também porque é um barato.

Bom, Uiuny não tem muito o que fazer. Então voltamos para a agência e conhecemos mais algumas pessoas: um Colombiano, dois Costa-riquenhos chamados Pablo e Daniel e um casal de Argentinos de Córdoba chamados Romina e Oscar. O Colombiano e a Francesa partiram para o passeio de 1 dia, enquanto que eu e os demais partimos para o passeio de 3 dias.

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Rumo ao salar!

Foi então que conhecemos o bem-humorado Ernesto, o motorista Boliviano que nos guiaria no passeio. Quando entramos no carro, uma camionete Toyota, Pablo e Daniel sacaram um Cd da mochila e pediram para Ernesto colocar para tocar. Era Reggae Brasileiro! Natiruts. Primeira surpresa do dia: O Reggae Brasileiro é uma referência para a música na América Central. Vivendo e aprendendo. O problema é que o toca Cd não funcionava, mas tinha pendrive, foi aí que começamos a conhecer o peculiar gosto musical de Ernesto, que ainda vai render umas histórias por aqui.

A primeira parada foi no Cemitério de Trens, um lugar de desova de várias locomotivas alemãs, que eram utilizadas para trazer minério das minas de Potosi. Haviam muitos carros parados e dezenas de turistas tirando fotos freneticamente, fazendo poses em cima das locomotivas.

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Cemitério de Trens

As paradas são rápidas, 20 minutos depois já estávamos partindo rumo a um mercado de artesanato já próximo ao salar. Lá também estava um museu de sal, com algumas estátuas feitas de sal, paredes feitas de sal. Enfim, sal, nosso grande parceiro nesse passeio todo.

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Museu de Sal

Depois fizemos a primeira parada no salar. Aquela imensidão branca à 3.500 metros de altura é algo surpreendente. No horizonte é possível ver ao longe algumas montanhas. O sol é forte, o vento é frio e você se sente muito seco. Na primeira parada todos descemos e começamos a botar em prática nossas ideias de fotos engraçadas. Parecia um grande jardim de infância e isso foi realmente muito legal! Tivemos um pouco de azar porque não havia chovido, então não pudemos apreciar o famoso efeito espelhado que a água causa quando a luz do sol se reflete nela.

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Primeira parada no salar

Paramos para almoçar no primeiro hotel de sal criado dentro do salar (depois de um tempo as leis ambientais proibiram a existência de hotéis no salar e o hotel acabou virando somente um restaurante). O rango era simples e estava bom. O hotel fica ao lado do monumento criado para o Rali Dakar, maior prova de automobilismo do tipo no mundo e que acontece desde 2009 em terras Sul Americanas. O Dakar é incentivado pelo governo Boliviano e impulsionou o turismo na região de Uiuny e também no norte da Argentina. Importante: Durante o Dakar, que acontece nas primeiras semanas de Janeiro, não existem passeios pelo salar.

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Monumento ao Dakar

20151230_134630Antigo Hotel de Sal, hoje um restaurante

A próxima parada no salar foi em uma região onde o solo parecia todo rachado. As rachaduras no sal formavam padrões, como hexágonos e outros polígonos. A surpresa: algumas partes do solo eram extremamente finas e escondiam água no fundo. Curioso, fui logo metendo a mão dentro da água salgada (e gelada!), encontrando cristais de sal bem interessantes! Nessa parada Ernesto nos emprestou Rex, o Dinossauro, que utilizamos para tirar algumas fotos. Ele também nos falou do projeto piloto do governo, que encontrou Lítio nas águas salgadas do salar e que pretende nacionalizar a sua exploração. Lítio é um metal raro, muito utilizado na produção de baterias.

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Rex

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O salar e seus cristais de sal

Seguimos em direção as tais ilhas no meio do salar. A ilha escolhida foi Incahuasi, ou “casa Inca” no idioma queshua. O local, que era ponto de parada dos Incas, é como se fosse uma pequena montanha coberta de cactus e vegetação do deserto em pleno salar. É também um centro turístico, e como cobravam 30 bolivianos para a entrada (cerca de 17 reais), acabei por não entrar e ficar ali por fora batendo umas fotos e brincando com os cachorros que passeavam por perto.

20151230_165936Incahuasi, uma das ilhas no meio do salar

Aquele longo dia estava acabando então paramos para apreciar o por do sol no salar, que diga-se de passagem foi algo muito lindo. Depois partimos em direção ao hotel de sal, que fica bem nos limites do salar. Não preciso dizer que o hotel era todo feito de sal, inclusive a cama. Cansados, descobrimos que a ducha era paga, só podíamos usar por 5 minutos e estava muito frio. Foi então que selamos um pacto salgado: não iriamos tomar banho naquele dia.

A janta estava deliciosa: sopa, batatas e frango assado com arroz. Passamos mais de uma hora conversando sobre politica e a história de nossos países. Foi interessante perceber o quanto temos em comum enquanto latino-americanos: as ditaduras e o plano condor, os governos neoliberais, as mudanças sociais e os limites dos governos populares. Enfim, foi uma longa conversa onde divergências a parte, conseguimos nos reconhecer como irmãos. Cansados, dormimos para recarregar as baterias para o dia seguinte.

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Por do sol no salar

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Nosso quarto no hotel de sal

Dica de o que levar para o  Salar:

 

  • Roupas de frio (moleton, blusa de lã, luvas e capuz).
  • Óculos escuros
  • Protetor solar e manteiga de cacau para os lábios
  • Água, muita água
  • Folhas de coca
  • Papel higiênico

 

Gastos (em Bolivianos)

  • 700 tour de 3 dias (~R$ 411,70 ou ~R$ 137 por dia)
  • 35 café (~R$ 20,50)
  • 75 2 garrafas de vinho (~R$44,11)
  • 25 água de 5l, papel higiênico, balas e bolachas  (~R$ 14,70)
  • 3 banheiro (~R$ 1,76)
  • 5 folhas de coca (R$ 2,94)

Total: 843 bolivianos (~R$ 496 na cotação de 1,70).

Dia 29/12, último dia em Sucre

O segundo dia até que foi bem tranquilo. Acordei cedo e parti para o mercado público para comer a salada de frutas. Quando estava em Samaipata o Colombiano e a Argentina que estavam em meu quarto me falaram que ouviram falar muito bem desta salada de frutas.Chegando no mercado pedi já uma grande. Era uma delicia, muito boa mesmo! você pode pedir se quer iogurte e creme, eu como bom gordinho pedi os dois.

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A salada!20151228_134745A banquinha de salada de frutas da simpática moça Boliviana

Devidamente alimentado sai para me preparar para a viagem ao salar de Uyuni. Ainda no mercado tive uma boa surpresa e uma não tão boa. A boa foi encontrar a Argentina e o Colombiano aleatoriamente no mercado. A ruim foi encontrar um grupo de Brasileiras que me disseram que não haviam mais passeios de 3 dias para Uyuni.

Foi então que sai em busca de agências de turismo para saber mais sobre isso. Todas me disseram que haveriam passeios de 3 dias. Mais tranquilo fui até a rodoviária e comprei a passagem, na volta aproveitei para comprar óculos escuros (bem fuleiros e baratos!) e protetor solar, indispensáveis na visita ao salar e que eu havia esquecido em casa. Também saquei dinheiro no caixa pois imaginei que iria ficar pelo menos uns 4 dias longe da “civilização”.

Voltei rápido para o hostel pois estava com muita dor de barriga. Fica a dica: é muito difícil existir papel higiênico nos banheiros, mesmo os pagos, portanto sempre carregue um com você, pois nunca se sabe né. Chegando lá resolvi dar uma descansada. Como eu já havia desocupado o quarto, deixando minhas coisas no depósito, tive que recorrer ao banco da praça. Até que foi gostoso dormir lá, pelo menos estava fresquinho.

Já era meio tarde quando resolvi encontrar meu próximo passeio. Resolvi ir até o Parque Cretacino, um parque onde existem pegadas de dinossauro fossilizadas em um grande bloco de concreto. Peguei uma van e parti em direção ao local, que fica bem afastado da cidade. Quando cheguei em um mercado popular chamado mercado campesino tudo ficou trancado. Era muito trânsito, que me lembrou desgraçadamente Florianópolis.

Depois de mais de 1 hora de trânsito intenso cheguei no parque. No caminho passamos pela periferia da cidade, que não é branquinha e bonitinha como o centro histórico. O parque fica ao lado de uma gigantesca fábrica de concreto, que foi a responsável por encontrar as pegadas depois que o concreto secou e elas ficaram evidentes.

Faltava meia hora para o parque fechar, então tive que ser rápido. Na realidade, tirando as pegadas não havia muito a se ver. Mesmo a pegadas tive de ver de longe usando binóculos (pagos), porque só existe uma visitação guiada por dia às 13h. De resto são grandes réplicas de dinossauros feitas em materiais sintéticos e alguns painéis bem interessantes contando como aquela região se formou. Foi bem bacana saber por exemplo que existia um grande mar onde hoje é o salar de Uyuni (o que explica o sal) entre outras coisas.

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Sabe o que eu faço com esses bichinhos?

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Se você tiver um pouco de imaginação pode perceber as pegadas

20151229_163828 Linda vista de cima do parque

Sai bem corrido na volta, porque ainda tinha que comprar algo para comer e pegar minha roupa na lavanderia. Chegando ao mercado comprei massa, cebolas, tomates e um “pimentão” para fazer o meu tradicional macarrão de despedidas seguro para viagens, dado meu estado. Preparei o bichinho e quando comi tive uma bela surpresa. Não era um pimentão, era uma baita pimenta ardida pra caramba. Bom, o estrago já estava feito, pois eu não tinha mais muito tempo. Comi um prato e parti para a rodoviária. Antes bati uma foto de um dos nossos produtos de exportação.

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Os gringos do hostel piram no velho barreiro!

Cheguei na rodoviária e fiquei ali em meio ao caos esperando o ônibus para Uyuni. Próximo capítulo desse blog!

20151229_195846Na Rodoviária de Sucre

Você pode ver aqui as fotos deste trecho da viagem.

Gastos (em Bolivianos)

  • 18 lavanderia (~R$ 10,50)
  • 8 salada de frutas (~R$ 4,70)
  • 70 passagem para Uyuni (~R$ 41,17)
  • 5 farmácia
  • 5 suco
  • 30 parque
  • 25 óculos
  • 5 manteiga de cacau
  • 17 comida
  • 6 ônibus

Total: 196b (~R$ 73,50 na cotação de 1,70).

Saque: 400 bolivianos (R$ 244,86 + R$ 12,00 taxa saque + R$ 15,58 IOF = equivalente a R$ 1,46 por boliviano).

Dia 28/12, rumo a Sucre!

Entrei no ônibus rumo a Sucre e apaguei, como de costume eu durmo como uma pedra em viagens, ainda mais quando são noturnas. Até acordar de repente com um grito de “pare” do cidadão que estava ao meu lado, sentado no lado da janela. Assustado e meio zonzo tentei entender o que se passava. Olhei para fora e gelei. O ônibus estava dando ré, manobrando para que um caminhão passasse porque simplesmente não havia espaço na estrada para os dois veículos. A estrada era de terra, estávamos no alto de uma montanha e havia um abismo ao nosso lado, sem mureta alguma. O grito que escutei era porque o motorista estava chegando muito próximo do abismo. Ainda bem que nem todos dormem como eu nessas viagens.

Bom, não preciso dizer que não preguei mais o olho por um bom tempo. Depois de conseguir manobrar, o ônibus começou a descer a montanha. As curvas eram extremamente fechadas e qualquer barulho que o ônibus fazia se tornava apavorante. Quando chegamos na base da montanha senti um grande alivio e uma imensa vontade de esvaziar a bexiga.

Segunda surpresa da noite: o banheiro, que o cara que me vendeu a passagem tinha confirmado tantas vezes que existia, estava fechado com um cadeado. Tive que segurar. Algumas horas depois o motorista parou o ônibus no meio do nada. Pensei que havia algum problema no veiculo, mas achei estranho que todos começaram a descer. Era a parada para o “bãno”, no meio das montanhas em um lugar sem uma viva alma. Fiquei meio apavorado de o motorista sair no pinote e me deixar ali e acabei não conseguindo aproveitar aquela bela oportunidade. Não preciso dizer que o resto da viagem até Sucre foi um tanto apertada.

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O ônibus da viagem alucinante para Sucre

Senti uma felicidade imensa ao chegar em Sucre. Peguei uma van e comecei minha saga por casas de câmbio pelo centro da cidade. Depois de fazer uma pesquisa encontrei um hostel que parecia bacana ao lado de uma praça da cidade a praça Bolivar. A praça é bem bonita, bem arborizada e as pessoas aproveitam bem o local, fazendo exercícios, brincando com as crianças ou levando o cachorro para passear.

O hostel se chama Travellers Guest House, o pessoal que trabalha lá foi muito gentil e me deu várias informações sobre a cidade. A estrutura era suficiente, com uma cozinha coletiva e banheiros coletivos nos quartos. O quarto não era aquela maravilha, mas estava de bom tamanho para os poucos dias que eu pretendia passar na cidade.

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Praça Bolívar

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Hostel Travellers Guest House

Saindo do hostel fui ao câmbio mais barato que encontrei para fazer minha segunda troca da viagem, 1,70 chorados com um tiozinho em uma barraca ao lado do Mercado Público. Depois fui ao mercado para comer algo. Chegando lá me surpreendi com a variedade de coisas: frutas de vários tipos, carnes, massas, material de limpeza e restaurantes. É muito difícil achar um supermercado na Bolívia, então as pessoas procuram o mercado popular para tudo. Chegando nos restaurantes, optei por uma sopa de carne com batatas, quinoa e arroz da qual não lembro o nome. Uma delicia.

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Mercado Público de Sucre

20151228_114030Sopa do Mercado

Resolvi voltar para o hostel para descansar um pouco e comecei a sentir uma baita dor de cabeça e um pouco de falta de ar ao caminhar e um certo “desconforto intestinal”. Desconfiei ser o Soroche, o mal da altitude, pois Sucre está a 2.500 metros acima do nível do mar, nível onde vivo no Brasil. Tomei uma pirula para o soroche que acabou não fazendo muito efeito. Dei uma descansada e parti para conhecer o centro, ainda com forte dor de cabeça. No caminho passei na loja de um senhor que vendia ervas e comprei um saco de folhas de coca.

Fui até a praça central da cidade, sentei num banco e comecei a mascar as folhas de coca. Elas são amargas, o cheiro é bem forte e característico e o gosto lembra levemente erva mate, com a diferença de que deixam a língua dormente depois de mastigar algumas. Achei bom, mas não senti “barato” nenhum de principio. Mas aos poucos percebi que a dor foi sumindo e comecei a me sentir melhor.

Então um senhor Boliviano sentou ao meu lado. Ofereci algumas folhas de coca para ele, que aceitou e agradeceu. Logo começou a me fazer perguntas Seu nome era Abimael e ele era um camponês Cruceño que vivia em um sitio nos arredores de Sucre. Era muito curioso e me fez perguntas como “Quanto custa um trator no Brasil?” e como estava nossa situação politica e econômica. Perguntei sobre a situação da Bolívia e ele me disse que as coisas haviam melhorado muito para o povo com Evo, mas que as coisas estavam estagnadas e que ele era contra o referendo que vai ser votado em fevereiro de 2016 que pretende alterar a constituição para, entre outras coisas possibilitar que Evo possa ser novamente candidato. Fiquei quase uma hora conversando com ele depois me despedi e dei umas voltas pelo centro histórico.

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Folhas de Coca. Coca no es droga!

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Plaza 25 de Mayo

O centro histórico de Sucre é bem bonito, com seus tradicionais prédios pintados de branco e a arquitetura colonial que lhe deram o apelido de “cidade branca”, a capital constitucional do país. Entretanto existem muitas pessoas pedindo esmola, principalmente senhoras idosas e crianças.

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Subindo o morro

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Palácio do governo

Embalado pelas folhas de coca resolvi subir para a Recoleta, onde me disseram existir uma bela vista da cidade. Depois de subir uma longa rua cheguei até o mirante, que fica ao lado de uma bela praça. Posso dizer que compensou o esforço.

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Praça da Recoleta

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Sucre vista do mirante da Recoleta

Voltando para o hostel comi um pão com linguiça (chorizo) e tentei descansar um pouco. Não tive muito sucesso, pois estava muito pilhado com toda a coca que mastiguei, então resolvi dar uma volta pela noite. Procurei um bar mas não curti muito, pois todos os lugares que encontrei pareciam bares para gringos e não tinham aquele agito característico dos botecos do Brasil. De longe comecei a escutar um batuque e me empolguei.

Caminhei na direção de onde vinha aquela música. Chegando lá encontrei um verdadeira festa na rua. Uma banda de rua, estilo fanfarra chamada “Rey Manantial” tocava um som que lembrava muito carnaval. As pessoas dançavam na rua e não estavam nem ai com os carros que passavam e buzinavam frenéticamente. Aquilo me empolgou de verdade. Sai junto com a banda até a festa acabar na Plaza 25 de Mayo. Trocando ideia com o pessoal descobri se tratar de uma banda que toca no carnaval (sim tem carnaval na Bolívia!) e que estavam ensaiando para a festa de ano novo. Voltei pra casa e dormi  o sono dos justos.

Banda Rey Manantial de Sucre tocando nas ruas de Sucre

Gastos (em Bolivianos)

  • 39 hospedagem (~R$ 23)
  • 40 comida (~R$ 23,50)
  • 35 protetor solar (~R$ 20,50)
  • 5 saco de folhas de coca (R$ 3,00)
  • 6 água (R$ 3,5)

Total: 125b (~R$ 73,50 na cotação de 1,70).

Dia 27/12, último dia em Samaipata

Acordei cedinho e fui tomar um café no mercado. Encontrei um senhora que vendia saltenhas que estavam muito bonitas e cheirosas. As saltenhas Bolivianas são muito gostosas, e mais temperadas e com mais molho que as Argentinas ou Brasileiras.

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Mercado de Samaipata

Alimentado, resolvi ir ao meu próximo passeio: O Forte de Samaipata. No dia anterior uma Argentina e um Colombiano muito simpáticos que dividiram o quarto comigo haviam falado muito bem destas ruínas. Fiquei esperando um tempo por Oscar, o mototaxista e depois partimos para o forte.

O caminho era muito bonito. Logo começamos a subir e descer as montanhas que levam ao forte. Adrenalina a mil subimos a montanha mais alta, encontrando no seu topo, a cerca de 2.000 metros de altitude a entrada do parque onde está o forte.

Na entrada paguei a entrada e fiquei um tempo vendo os vários painéis que contam a história do lugar, onde também estão informações de outros pontos turísticos próximos a Samaipata. Por exemplo a Ruta del Che, passagem do guerrilheiro argentino Che Guevara que foi morto pelo exército da Bolívia na cidade de La Higueira. Nos painéis tive os desprazer de ouvir um cara que falava em inglês chamando o Che de terrorista, mas resolvi não discutir e segui meu caminho.

Cheguei ao forte depois de subir uma trilha até a parte mais alta da montanha. No caminho deu para escutar várias histórias de uma guia nativa que acompanhava um grupo grande de pessoas. Os primeiros povos que se tem registro de viverem ali foram os Chanés, originários do Caribe, eles entalharam na grande rocha de arenito diversas figuras como onças, serpentes e pumas e utilizavam o local para cerimônias religiosas e fortificação militar.

Segundo a guia, o local era um ponto de convergência de diversos povos Amazônicos, pois a região é um ponto de encontro de importantes biomas Bolivianos: A Amazônia o Chaco e os Andes. Por volta haviam vários silos onde os povos estocavam comida e realizavam comércio. Quando surgiu o Império Inca, se tornou uma importante cidade e fortificação desse povo, que ali construiu um templo, terraças agrícolas e uma sede administrativa e militar.

Durante anos também foi alvo dos temidos guerreiros Guarani, que chegaram a dominar o local temporariamente. Com o genocídio espanhol passou a se tornar uma fortificação da coroa, e hoje é tombado como patrimonio histórico da humanidade pela UNESCO.20151227_105324

A pedra de arenito onde estão as inscrições Chané20151227_112621

Ruínas Incas20151227_114306

Templo Inca, onde ficavam estátuas e oferendas

20151227_110816Ruínas Espanholas

Voltei para Samaipata e me despedi de Oscar. Resolvi almoçar no mercado, no pequeno restaurante de uma senhora Boliviana: prato do dia Picante de Pollo, um frango ensopado em um molho vermelho e picante, acompanhado de arroz  e batatas. Bem gostoso! A senhora era bem curiosa e fez várias perguntas para mim sobre o Brasil.

Dei uma passeada pela cidade e fui ao museu dos povos originários (você não paga a entrada se tiver o ticket do forte). Apesar de pequeno o museu é bem interessante, tem várias peças de cerâmica, ferramentas e ossos dos diversos povos, com painéis que contam a história e mostram os lugares onde viveram.

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Peças do Museu de Samaipata

Depois dei uma descansada na rede do hostel e fiquei esperando chegar mais próximo do horário do ônibus para preparar uma janta. Fui ao mercado e comprei algumas cebolas, tomates, cheiro verde e macarrão e preparei uma massa. Acabou sobrando, então dividi com uma galera que estava por ali na área de convivência. Ganhei elogios de uma Israelense 🙂

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Macarrão de despedida de Samaipata

Me despedi da galera e fui até o restaurante onde param os ônibus para Sucre. Na parede do restaurante uma lembrança arqueológica dos tempos áureos de nosso Futebol.

20151227_191347Figuras de uma era distante

Quando o Ônibus chegou eu mal sabia a aventura que me esperava. Continua no próximo capitulo!

Aqui nesse album você pode ver as fotos que selecionei do trecho de Santa Cruz e Samaipata.

Gastos (em Bolivianos)

  • 6 café (~R$ 3,33)
  • 35 hospedagem (~R$ 19,44)
  • 40 mototáxi (~R$ 22,22)
  • 50 forte (~R$ 27,78)
  • 6 água (~R$ 3,33)
  • 1o almoço (~R$ 5,55)
  • 20 janta (~R$ 11,11)
  • 150 passagem ônibus para Sucre (~R$ 83,33)

Total: 267b (~R$ 150,00 na cotação de 1,80).

Dia 26/12, primeiro dia em Samaipata

Acordei cedo e dei uma volta pelo Hostel. O Jardim de Samaipata é um hostel ecológico, onde todas as habitações são feitas com técnicas de bioconstrução, com paredes de adobe e material reciclado. Existe também um banheiro seco, onde ao invés de água se utiliza serragem para os dejetos sólidos (depois que encontrei uma aranha em uma das privadas, fiquei um tanto cabreiro de utilizar!). O pessoal também pode acampar no jardim. O clima é de liberdade total e é possível trocar hospedagem por algumas horas de trabalho.

Depois de um tempo notei que a cidade toda respira essa atmosfera ecológica, existem vários grupos de permacultura, hortas e sistemas de troca de trabalho.

20151227_182814 20151226_175443 20151226_063232Fotos do Hostel

Na saída do quarto tive alguma dificuldade com um hospede inesperado, que se recusava terminantemente a sair. Era compreensível, o chão estava fresquinho!

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Hospede inesperado

Finalmente consegui sair para tomar um café da manhã no mesmo lugar que eu havia jantado, o aconchegante “La Chakana” que fica ao lado da praça principal. Dei uma volta pela praça, tirando fotos de algumas esculturas interessantes que ficam por lá.

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La Chakana

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Fotos da Praça

Ai entra em cena o segundo perrengue da viagem. Resolvi comprar minha passagem para Sucre, e descobri que era mais caro do que eu esperava. Ou seja, precisava trocar dinheiro e não havia uma casa de câmbio aberta porque era sábado. Depois de muita peregrinação consegui trocar em um minimercado chamado “Estrejita” que fica na rodovia (consegui 1,70 na cotação).

Mais tranquilo fui em busca de meu próximo passeio. A senhora do táxi havia me avisado de um lugar muito bonito chamado “Cuevas” onde haviam várias cachoeiras. Parti em direção deste lugar, me assustando com os preços que os taxistas cobravam para levar e buscar (100 bolivianos!). Cheguei a conclusão que a forma mais barata (e divertida) de ir até lá seria de mototáxi. Foi então que eu conheci o Oscar, simpático motoqueiro Boliviano que iria me levar para os próximos passeios mais distantes da cidade. 20151226_174437

Oscar

Ir de moto foi um barato. As paisagens são bonitas e andar por aquelas estradas nas montanhas dá um friozinho na barriga. O parque das “Cuevas” é um lugar lindo. Mata tropical, montanhas avermelhadas e belas cachoeiras. Muitos Bolivianos aproveitavam o dia se refrescando nas águas com suas famílias. Valeu muito a pena se aventurar nas trilhas do parque e tomar um banho nas cascatas.

20151226_144455 20151226_145531 20151226_151800 20151226_152326 20151226_145205Paisagens no Parque Cuevas

De volta a cidade dei uma descansada e resolvi dar uma volta e comer algo. Antes fiquei um tempo no hostel curtindo um lual com aquela galera argentina que estava na praça. Depois fui um lugar chamado “La Boheme” onde iria se apresentar uma banda de “Jazz, Fusion, Rock, Bossa Nova Psicodélica” chamada Amazônika. A banda era muito boa! tocaram pelo menos duas músicas brasileiras, várias de Jazz e também duas do Buena Vista Social Clube. O trompetista era muito gente boa e já tinha morado vários anos no nordeste do Brasil.

Na finaleira da noite aparece uma visita inesperada. O meu amigo de quarto entra pela porta da frente e se recusa a sair da balada. Os seguranças tiraram ele, e segundos depois ele pulou pela janela para dentro do bar novamente, ficando lá até se entediar e resolver sair por conta própria. Botei fé nesse cachorro.

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O bar “La Boheme”

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Nosso amigo novamente

Banda Amazonika – Summertime

Gastos (em Bolivianos)

  • 19 café
  • 5 sabonete
  • 4 internet
  • 35 hospedagem
  • 40 mototáxi
  • 15 entrada cuevas
  • 15 lanche
  • 44 janta
  • 25 balada
    Total: 202b (~112 reais na cotação de 1,80).