Acordei cedo, comi um pão e parti para o Cemitério central de La Paz. Chegando lá o motorista de um ônibus estava chamando a galera para ir para Copacabana. Embarquei e saímos rumo a Copacabana.
O Motorista avisou que teríamos que fazer um desvio em El Alto pois ainda havia bloqueio da estrada pelos moradores revoltosos. Pegamos uma estrada de chão em um lugar que parecia um bairro residencial pobre, com inúmeras casas em construção. Não se via muita gente na rua, possivelmente porque as pessoas estavam trabalhando. Então comecei a notar algumas coisas estranhas, como bonecos pendurados em postes e pinturas em muros com dizeres como “ladrões pegos serão linchados”, “táxis suspeitos serão queimados”, “pessoas suspeitas serão queimadas”.
Fiquei um tanto apavorado, pois não era só uma parede pintada com isso, eram muitas mesmo. Então o ônibus parou. Ao fundo dava para ver uma fumaça negra de um pneu queimando. Era uma barricada, e suas guardiãs eram cerca de 7 Cholas com suas crianças. Um Boliviano ao meu lado até brincou que havia mais gente no ônibus do que fora dele. Bom, pelas mensagens nas paredes achei que não era nada prudente confrontar aquelas senhoras.
O Motorista desceu e voltou rapidinho, dizendo que não poderíamos passar. Então ele disse que deveríamos fazer outro desvio, mais longo, e que portanto teríamos que desembolsar mais 5 bolivianos (cerca de 3 reais). Segurei minha moeda no bolso, pois não queria pagar de gringo endinheirado. Fiz bem, porque logo em seguida todos no ônibus se revoltaram com a atitude do motorista, que se viu obrigado a negociar o valor para 3 reais.
A barricada em El Alto
O ônibus partiu para o tal outro desvio. Foi mais de uma hora em uma estrada de chão bem estreita na zona rural, com direito a rebanhos de ovelhas, muitas vacas e plantações de Quinoa. Depois de algumas horas de viagem chegamos a um pequeno vilarejo na beira do lago Titicaca. Disseram para que a gente descesse para pegar o barco que nos levaria para a outra margem do lago.
Quando cheguei na outra margem fiquei um tanto perdido. Estava em Copacabana? Afinal onde eu estava? Foi quando encontrei um trio de garotas Argentinas que me explicaram que o ônibus estava vindo numa balsa, e que quando chegasse iriamos até Copacabana. Elas disseram que estavam indo para a Isla del Sol, e que eu poderia ir junto com elas.
Chegamos em Copacabana depois de cerca de 1 hora viajando por lindas montanhas cercadas pelo lago. A cidade é bonita e lembra bastante algumas cidades de praia no litoral Catarinense. Descemos do ônibus e pegamos o barco em direção a Isla del Sol.
Ficamos na parte de cima do barco, onde conversamos bastante e tomamos um solzinho, com o forte e frio vento dos andes em nossas caras. As garotas eram portenhas, muito amigas e estavam pela primeira vez viajando juntas. Uma delas, chamada Avril, iria fazer 20 anos no outro dia, e portanto estava bem empolgada. O visual do trajeto de barco foi surpreendente. O lago Titicaca é majestoso, a água é bem azul e dá pra ver ao fundo em algumas margens a imponência das montanhas andinas.
Partindo de Copacabana
No meio do caminho
Chegando na Isla del Sol
Chegamos em um pequeno porto no lado sul da Isla del Sol. Haviam alguns restaurantes e uma íngreme montanha com uma baita escadaria, que parecia inevitável que teríamos que subir. Então começamos a subir com nossas malas e mochilas nas costas. No caso das garotas era ainda pior, porque elas levavam muitas coisas com elas, inclusive material para acampamento. Depois de uns 40 minutos chegamos a um lugar cheio de pequenas casas. Lá encontramos um hostel chamado Hostal del Sol com um pessoal bem simpático e resolvemos dividir um quarto por lá. Vale dizer que as garotas eram muito boas na arte de pechinchar e conseguiram um bom desconto pra gente!
O hostel
Claro?
No hostel encontramos mais Argentinos e também dois Chilenos. Uma galera bacana. Estávamos com muita fome, e quem veio para nos salvar? Você acertou, tirei da mochila o amendoim japonês, que mais uma vez deu aquela quebrada na fome da galera. Passamos o fim de tarde relaxando no quintal do hostel, apreciando a bela vista do Titicaca, com suas montanhas e terraços agricolas. Ainda aproveitei para dar umas voltas e tirar umas fotos dos arredor.
Depois ainda brincamos com as crianças dos donos do hostel (que conversavam entre eles em Aymara), que se empolgaram muito em brincar de cavalinho, fazer ciranda, etc. Elas não eram pequenas e a 3.500 metros de altitude deram uma baita canseira na gente! Mas foi bem divertido, valeu a pena 🙂
Flores
Artesanatos
Terraço agrícola
Llama!
Quando caiu a noite resolvemos sair para jantar para comemorar o aniversário (cumpleãnos) de Avril. Fomos todos os hostel juntos procurar um lugar onde servem a famosa Truta do lago Titicaca. No fim resolvemos comer Pizza, depois de zanzar por boa parte daquela montanha. Por fim voltamos para o hostel e fizemos um pequeno lual, com bastante música, rum e parabéns pra você.
Gastos (em Bolivianos)
- 5 café (~R$ 2,94)
- 3 água (~R$ 1,76)
- 30 ônibus de La Paz até Copacabana (~R$ 17,64)
- 20 hostel na isla del sol (~R$ 11,76)
- 20 barco para isla del sol (~R$ 11,76)
- 50 janta (~R$ 29,41)
- Total: 123 bolivianos (~R$ 72,35 na cotação de 1,70).