Dia 25 chegada em Santa Cruz de La Sierra e viagem para Samaipata

Cheguei na Bolívia no dia 25/12. Chegando no Aeroporto Viru Viru em Santa Cruz de La Sierra o primeiro passo foi fazer a migração, que demorou cerca de 1h porque haviam poucas pessoas atendendo (compreensível em um feriado). O Aeroporto tem um tamanho bem parecido com o de Florianópolis, mas se parece menos com um Shopping center.

A primeira coisa que fui fazer foi trocar o dinheiro na casa de câmbio. Como a fila era grande e algumas pessoas disseram que a taxa de câmbio era melhor no centro acabei desistindo de trocar no Aeroporto e peguei uma van direto pro centro (são raros os ônibus para transporte público dentro das cidades na Bolívia e as vans do Aeroporto demoram porque esperam encher).

No caminho não estranhei muito a paisagem. Alguns coqueiros em uma grande planície. Muitas concessionárias, lojas, mercados e restaurantes. Um calor de matar e muitas pessoas pedindo esmolas nas ruas mais próximas do centro. Nada muito diferente de uma cidade grande no Brasil.

Chegando na praça central me toquei de que era Natal (espertão!) e que não haviam casas de câmbio abertas. Pedi informações para uma jovem Boliviana (que sonhava em trabalhar no Brasil) e que me levou a um cambista onde eu teria a minha melhor cotação da viagem (1,80 Bolivianos por Real).

Com alguns Bolivianos no bolso (depois me arrependi de não ter trocado mais) sai para almoçar em um pequeno restaurante que parecia ser chinês, um dos únicos que estava aberto. Comi um macarrão com banana frita, carne de gado e purê de alguma batata bem diferente, e claro, como eu viria a descobrir quase tudo vem com sopa na Bolívia.

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Primeiro rango na Bolivia

Dei uma volta pela praça que fica em frente à catedral da cidade. Haviam vários Bolivianos descansando e conversando, a maioria tinha traços indígenas. A praça estava enfeitada para o Natal e  havia um papai noel com suas tradicionais vestimentas da Coca Cola, “bem próprias” para uma região tropical como Santa Cruz.

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Praça central de Santa Cruz

Como minha ideia era ir direto a Samaipata comecei a pedir informações. Acabei achando algumas coisas interessantes, como cartazes de cursos de  linguagens originárias para funcionários públicos (Guarani e Quechua) e um estêncil do Papa Francisco cheio da grana.

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Coisas interessantes pelo centro

Depois de um tempo andando como barata tonta pelo centro acabei pedindo um Táxi. O motorista era simpático e um grande fã do Evo Morales Ayma, Presidente da Bolívia, que segundo ele deveria governar por mais “50 anos”, pois as coisas haviam melhorado muito para o povo graças a nacionalização das reservas de petróleo e gás. O motorista me deixou no terminal velho, onde peguei um “Táxi Coletivo” até Samaipata.

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No táxi coletivo

Não tive tanta sorte com o segundo motorista que era bem ranzinza. Mas em compensação a senhora que sentou do meu lado foi muito querida e atenciosa ao me explicar os pontos por onde passávamos na estrada e ao me tranquilizar quando começamos a subir a serra em uma estrada um tanto ruim. Ali começou a mudança da paisagem, da planície para a montanha e da vegetação esparsa para uma mata um pouco mais densa. Rios um tanto secos e avermelhados cortavam as montanhas e as pedras tinham várias cores. Foram cerca de 3 horas até chegarmos em Samaipata, que fica em um vale.

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A caminho de Samaipata

O motorista me deixou direto no hostel “El jardim de Samaipata“, dica de um amigo Colombiano que ficou um tempo trabalhando lá. Já estava entardecendo então aproveitei para dar uma passeada na cidade, comer algo e tomar uma cerveja (que são boas, embora seja difícil beber uma gelada de verdade). Depois dei uma passeada na praça onde vi a apresentação de um grupo circense formado por Argentinos e um Venezuelano, que depois descobri que estavam hospedados no mesmo hostel que eu. Cansado, fui ao hostel e dormi ansioso para o dia seguinte.

20151225_171215Eu taco fogo!

Apresentação circense na praça de Samaipata

Gastos (em Bolivianos)

  • 6 ônibus aeroporto
  • 27 almoço
  • 15 táxi para terminal velho
  • 40 táxi coletivo para Samaipata
  • 35 hospedagem
  • 7,5 toalha de banho
  • 55 janta (comi em lugar de turista e bebi cerveja!)

    Total: 185,50 (~103 reais na cotação de 1,80).

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Preparativos

Essa é a última das preliminares antes de entrar nas histórias (eu juro!). Achei importante dizer o que levei comigo, e também o que deixei de levar, de forma que futuros viajantes possam pegar algumas dicas, dado que essa foi uma das partes mais difíceis  de se colher informações.

Bom acho que a principal dificuldade é que escolher o que levar é uma questão bem pessoal. De toda forma espero ajudar, então vamos lá.

Para carregar minhas coisas levei uma mochila. Minha mochila não é do estilo daquelas mochilas que o pessoal costuma fazer “mochilão” por aí. É uma mochila executiva com rodinhas (!). Não quis comprar outra mochila, então fui com essa mesmo.

Suas configurações são: volume 54.23L, 3 kg, dimensões 34 X 29 X 55 cm

Confesso que não tive problema algum com ela. As rodinhas ajudam bastante principalmente na locomoção dentro de aeroportos e rodoviárias onde o chão é mais regular, e o espaço foi mais do que suficiente. Além disso o tamanho dela me permitiu que eu a levasse como bagagem de mão na maioria das vezes que viajei de avião ou ônibus, diminuindo o tempo na retirada da bagagem.

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A mochila

Depois vem o recheio. Resolvi levar roupas equivalentes para cerca de 7 dias. Sendo assim, teria que procurar onde lavar roupas por lá. Como imaginei que em alguns lugares faz frio (e faz mesmo!), acabei levando também alguns casacos (3).

Roupas:

  • 8  camisetas
  • 7 roupas de baixo
  • 9 pares de meia
  • 2 bermudas (uma para banho)
  • 2 calças jeans
  • 1 casaco de moleton com capuz
  • 2 blusas fina de lã (acho que sintética)
  • 1 chapéu
  • 1 cinto
  • 1 par de tênis esportivos (deveria ter levado uma bota leve, o tênis acabou danificado)

Material de higiene (levei em uma pequena bolsa dentro da mochila):

  • Escova e pasta de dente pequenas (importante porque nos voos
  • internacionais eles podem jogar fora)
  • Desodorante de rolinho (mesma coisa que acima)
  • Pílulas para Soroche, o “mal da altitude” (valeu Eleonora!)
  • Aparelho de barbear (que acabei não usando)
  • Soro (para hidratação)
  • Floratil (para o piriri)
  • Pente pequeno

Demais:

  • 1 celular (com câmera de 8 megapixels e capacidade de filmar em HD).
  • 1 carregador para o celular
  • 1 cabo USB para transmissão de dados
  • 1 bateria auxiliar (aproximadamente de uma carga extra, 5.200 mah, uma ótima ideia. você pode carregar dentro do sapato numa viagem de ônibus/avião por exemplo).
  • 1 pendrive de 8gb (para não faltar espaço e tirar uma cópia de segurança)
  • 1 fone de ouvidos daqueles simples
  • 2 livros para ler no caminho
  • lanterna pequena que pode ser carregada dando corda (acabei não usando)
  • 1 saco de 500g de amendoim japonês (tem história pra contar)
  • 1 garrafinha de 500ml de água
  • óculos de leitura (que acabei não usando)
  • passaporte
  • cartão de crédito internacional
  • carteirinha internacional de vacinação expedida pela ANVISA (teóricamente exigida pelo Estado Boliviano, mas nunca pediram)
  • 1250 reais em dinheiro

Com todo o material a mochila estava pesando cerca de 8kg.
Bom, isso foi o que eu levei. No geral, não sofri com as escolhas que fiz. As vezes carregava algumas coisas dentro de uma sacola plástica, para facilitar o uso em viagens de ônibus e avião por exemplo.

Mas me esqueci algumas coisas bem importantes:

  • Protetor solar (duh!)
  • Toalha (maioria dos albergues/hostels não tem ou cobram para alugar)
  • Sabonete (nem precisa de explicação)
  • Chinelos (bom pra sair do banho e caminhar mais numa boa)
  • Luvas (faz muito frio em Uiuny)
  • Óculos escuros (o deserto de sal reflete muita luz)

Sobre dinheiro:

Ao longo dos dias vou detalhando os gastos que tive. Ainda não fiz os cálculos, mas creio que valia a pena ter levado todo o dinheiro que eu pretendia gastar e trocar tudo no câmbio de Santa Cruz.

A questão é que deixei para sacar toda a grana no aeroporto no mesmo dia da viagem, esquecendo de que existe um limite para saque que não era muito alto no meu caso. Além disso não tinha muito como saber qual era a cotação em cada lugar.

De qualquer forma entra naquela questão de correr o risco de ser assaltado e perder toda a grana. No fim levei meu cartão para realizar saques no exterior.

No caso de saques no exterior, geralmente é aplicada um taxa por saque de 5 dólares + IOF (cerca de 6.8% atualmente), e a cotação utilizada é a oficial do dia (se o saque for no crédito o valor é corrigido posteriormente). Esse post explica bem como fazer e meio que salvou minha vida quando a grana acabou.

É muito difícil aceitarem cartão de crédito na Bolívia. Talvez em Santa Cruz seja mais fácil. O único momento que precisei usar o cartão foi na compra da passagem aérea de La Paz para Santa Cruz, já no fim da viagem.

Dicas para economizar se divertindo:

  • Pechinche! sempre dá pra economizar uns trocados. Na viagem encontrei algumas Argentinas que eram realmente muito boas nisso.
  • Evite os lugares “com pinta pra turista”, que em geral são bem mais caros. Eles são fáceis de identificar, vai por mim.
  • Caminhe e/ou utilize transporte público ao invés de Táxi.
  • Coma no mercado público ou vá na feira e faça o rancho (cozinhar as vezes saí mais caro que um baita pratão típico, se não for dividir com a galera)
  • Compre água grande ao invés das pequenas: você pode levar uma garrafinha pra ir enchendo e deixar o galão no quarto do hostel por exemplo.
  • Prefira hostel (albergue)
  • Se for comprar passeios, nunca compre direto no hostel.
  • Pesquise os preços.
  • Não coma em aeroportos.
  • Sempre vá em várias casas de câmbio e negocie o preço para o montante trocado.

Bem, acho que era isso! Amanhã continuo com o inicio das histórias de viagem.

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Roteiro

A ideia do roteiro surgiu de diversas pesquisas na Web e conversas com amigos. Santa Cruz de La Sierra (A) seria o ponto de inicio do caminho na Bolívia devido aos preços mais acessíveis das passagens aéreas partindo do Brasil. Depois a ideia seria ir para uma cidade “não tão alta” para ir me acostumando com a altitude, ou seja, escolhi Sucre (2500m de altitude, ponto B) para esse ponto. O próximo ponto seria Potosi, depois o deserto de Uiuny (D) e por fim a viagem terminaria em La Paz (E). A volta seria feita por Cochabamba (G), e por fim o retorno a Santa Cruz. Todos os trajetos dentro da Bolívia seriam realizados em ônibus

Por fim, depois de novas conversas com amigos acabei incluindo a pequena cidade de Samaipata (B) como segunda parada, e Copacabana e a Ilha do Sol como o último destino a ser conhecido (F). O roteiro original pode ser visto no mapa abaixo.

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Roteiro Original na Bolívia

Durante a viagem acabei realizando algumas mudanças no roteiro. Desisti de conhecer Potosi, pois o principal ponto turístico da cidade era uma mina de prata onde pessoas, inclusive crianças, trabalham em condições desumanas. A cidade também tem algumas coisas históricas interessantes, como a casa da moeda e a histórica mansão de um cara que já foi o homem mais rico do mundo,  mas que achei que não valiam a pena conhecer devido ao tempo curto da viagem.

Outra mudança foi que desisti de voltar de La Paz até Santa Cruz passando por Cochabamba via estrada. O tempo da viagem já estava apertado e haviam ocorrido deslizamentos de terra no trecho entre Cochabamba e Santa Cruz, ou seja fiquei cabreiro de perder o meu voo de Santa Cruz de volta para o Brasil. O roteiro final pode ser visto abaixo, com o pontilhado sendo o trecho feito de avião de La Paz até Santa Cruz.

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Roteiro Executado na Bolívia

Para chegar na Bolívia o caminho não foi tão simples. Vivo em Florianópolis e queria passar o natal com a família em Curitiba. Os voos mais baratos partem de São Paulo. Por fim acabei fazendo o seguinte caminho:

Florianópolis -> Curitiba, via ônibus – 4h
Curitiba -> São Paulo (Guarulhos) , via avião – 1h
São Paulo -> Santa Cruz de La Sierra, via avião – 3h

Parece loucura. Na realidade é… Mas no fim das contas se eu tivesse optado por ir direto de Florianópolis para Santa Cruz eu teria que esperar cerca de 12 horas no aeroporto, o preço da passagem seria um tanto mais alto e eu não daria um abraço na mãe e ainda comeria comida de aeroporto 🙂

Preços:
Passagem de avião Santa Cruz -> São Paulo (ida e volta): R$ 1334,14 (GOL)
Passagem de avião Curitiba -> São Paulo (ida e volta): R$ 300,00 (TAM)
Passagem de ônibus Curitiba -> Florianópolis (ida e volta): R$ 150,00 (Catarinense)

As vezes rolam umas promoções boas de voos para Santa Cruz! infelizmente não estavam rolando no dia que comprei a passagem (pouco mais de 2 meses antes). Dois dias depois a passagem estava mais barata. Coisas da vida. O negócio é ficar monitorando, com softwares como este.

Principais referências na elaboração do roteiro:

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Inauguração do Blog – Viagem pela Bolívia

 

Introdução: Recém cheguei de uma viagem emocionante de 15 dias pela Bolívia. A empolgação foi tanta que resolvi começar a escrever um blog sobre a viagem.

Objetivos: O blog tem dois objetivos principais: socializar o conhecimento adquirido nessa viagem para os futuros viajantes e compartilhar com amig@s as vivências que tive. No futuro usarei esse espaço para contar histórias de novas viagens e talvez eu conte causos sobre viagens passadas também.

Motivação: Muitos me perguntaram porque escolhi a Bolívia. Bom, espero que as fotos, vídeos e narrativas possam responder essa pergunta. Paisagens incríveis e culturas riquíssimas são um breve resumo!

Agradecimentos: Agradeço a todos os amigos e amigas que me deram dicas para esta viagem, e que de alguma forma me ajudaram nela: Bob, Mari, Eleonora, Rubens, Júlio, Melga, Hanna e Jéssica. Perdão se esqueci de alguém!

Referências: Utilizei muito conhecimento compartilhado por outros viajantes antes de fazer esta viagem. Irei indicar algumas referências ao longo das publicações.

Em Memória de Aline Zart, que em vida tanto me ensinou que viajar é preciso.

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