Dia 07/01: voltando para La Paz

Esse dia até que foi tranquilo. Acordei com o chileno desesperado para comprar água, depois do porre da noite anterior. Fomos no mercadinho e compramos uns 2 litros de água que duraram bem pouco.

Depois disso ficamos ali na frente da hospedagem tomando mate e jogando conversa fora. Estávamos em dúvida se dormiríamos mais um dia por ali, mas no fim todos decidiram por ir embora. Os chilenos e Pingo foram os primeiros, pegaram o primeiro horário do barco as 9:30. O restante (eu incluído) esperou o próximo horário das 13:30.

O barco foi direto para Copacabana. A viagem durou pouco mais de 2 horas, tempo em que ficamos (para variar) tomando mate e trocando idéias. Uma coisa que me chamou a atenção foi a quantidade de argentinos no barco e a quantidade coisas que eles levavam. Tinha gente carregando barraca, chaleira, porta mate e até botijão de gás!

Na chegada em Copacabana fomos almoçar em um restaurante na subida da ladeira. Me despedi de Flor e Julieta e parti para La Paz em um dos ônibus que saem da praça (tem de hora em hora, não compre nas agências!).

No ônibus pensei em dormir, mas ai comecei a conversar com um casal de brasileiros que estavam nos bancos da frente. Eles se chamavam Yghor e Luiza e estavam viajando pela América Latina já fazia algum tempo. Ficamos conversando sobre nossas viagens por um tempão, e contei inclusive sobre os bloqueios na vinda de La Paz para Copacabana.

Foi então que ao chegarmos perto de El Alto o ônibus começou a fazer um desvio, pois parecia que havia outro bloqueio na pista. O desvio era enorme, e começamos a andar por uma estrada de chão que parecia não terminar. As luzes da cidade ficavam cada vez mais longe. No caminho várias luzes de outros veículos pareciam dançar perdidas na escuridão. Foi então que o ônibus parou e vimos algumas figuras encapuzadas que haviam montado uma barricada. Eram moradores de El Alto, e pareciam bem organizados para barrar e decidir se deixavam passar ou não os carros que por ali passavam. A cena ficava ainda mais bizarra porque no fundo do ônibus haviam uns 10 adolescentes bolivianos jogando truco e ouvindo Cumbia sem fones no último volume. E eu que achava que a volta seria tranquila!

Enfim voltamos a nos aproximar de El Alto. O ônibus desceu a montanha e parou no ponto de partida: o cemitério. O motorista avisou que era a parada final. Estávamos só nos três no ônibus, e anteriormente o mesmo motorista tinha avisado que a parada final seria a rodoviária. Aparentemente ele mudou de ideia para cortar custos. Só esqueceu que havia nos dado a palavra.  Depois de muito bate boca resolvemos sair do ônibus e pegar um táxi para perto do Hostel Loki.

Por lá ainda ficamos procurando uma hospedagem mais barata, mas parecia que não teríamos muita sorte naquele dia, dado que um dos donos de hostel disse não haverem vagas após ter dito pra gente subir.  Enfim fomos para no bom e festivo Loki, pro azar de Yghor e Luiza que queriam descansar.

Comemos um velho e bom choripan na frente do hostel e partimos pra festa. Era uma festa bem louca onde a galera se pintava com tintas fosforescentes. Yghor e Luiza estavam cansados e ficaram pouco. Bebemos algumas cervejas e conversamos. Quando eles foram embora fiquei dançando com um grupo de Paraguaios que estavam em uma excursão. Lá conheci Daisy, uma Paraguaia super gente fina com quem miraculosamente consegui dançar.

Por fim fui dormir, aguardando meio tristonho por meu último dia em La Paz.

Fotos selecionadas da Isla del Sol (Flickr)

Gastos (em Bolivianos)

  • 17 café (~R$ 10,00)
  • 25 barco (~R$ 14,70)
  • 12 água pro dia todo (~R$ 7,00)
  • 30 almoço em Copacabana (~R$ 17,64)
  • 10 táxi para hostel (R$ 5,88)
  • 30 cervejas (R$ 17,64)
  • Total: 123 bolivianos (~R$ 72,35 na cotação de 1,70).

 

Dia 02/01, primeiro dia em La Paz: o centro histórico e a festa no hostel

Cheguei na rodoviária de La Paz pela madrugada. Não quis arriscar uma caminhada naquele horário, então resolvi pegar um Táxi até o hostel que os europeus tinham me indicado em Uyuni. O hostel se chama Loki, faz parte de uma rede internacional e fica próximo da igreja de São Francisco e da praça de mesmo nome, em uma região que representa o centro histórico da maior cidade da Bolívia.

Consegui uma cama em um quarto e dormi até umas 10:30, acordei e a primeira coisa que fiz foi tomar um demorado banho, afinal faziam 4 dias que eu não via água de chuveiro (eca!). O hostel tem uma grande estrutura, a maior que vi para esse tipo de hospedagem. É um prédio de 6 andares, sendo que 2 são de áreas de convivência e o restante habitações coletivas e individuais. No meu quarto estava um Russo chamado Alexander e dois Brasileiros chamados Lucas e Mychel, além de vários Argentinos que acabei não conhecendo.

Na área de convivência lá do térreo havia rede sem fio, algumas poltronas, uma espécie de agência de turismo com passeios em todo país e chá (inclusive de coca!)  e café (em pó) de graça. Já a área de convivência do último andar tem mesa de sinuca, várias mesas, um bar e funciona como um salão de festas durante a noite. É quase uma bolha do “primeiro mundo”, pois alguns gringos costumam passar o dia todo lá escutando música anglo-saxã, navegando na internet, vendo jogos de futebol de times europeus e bebendo.

Tomei umas duas canecas grandes de chá de coca e sai dar uma volta para comer algo e conhecer o centro histórico. O troço bateu forte e sai bem eufórico caminhando pelo centro. Minha primeira parada foi na Praça Murilo, de frente para a catedral e sede do governo federal. A praça é bem bonita, tem várias estátuas de mármore, é bem arborizada e muitas pessoas ficam por ali lendo seu jornal, passando o tempo e dando de comer para os pombos.

20160104_092711

Praça Murilo

20160104_092620

Crianças alimentando os pombos

Os prédios do governo federal são bem bonitos, com uma arquitetura que lembra um pouco os prédios que vi em Madrid e Barcelona. Havia presença policial, mas menos que eu esperava para uma região tão estratégica. Consegui avistar algumas poucas motos, um canhão de água blindado e alguns guardas daqueles imóveis na frente da sede. Uma coisa que me chamou a atenção foi a bandeira multicolorida chamada “wiphala”, símbolo étnico dos povos originários dos Andes e que desde que Evo assumiu em 2008 representa o Estado Plurinacional da Bolívia.

20160104_094021 20160104_093149

Sede do governo federal e os guardinhas

20160104_095513Prefeitura, a wiphala é a primeira bandeira da esquerda pra direita

Resolvi almoçar em um restaurante chinês que encontrei nos arredores. Em toda a La Paz existem muitos desdes restaurantes chineses, que servem frango frito com algum tipo de acompanhamento. Pedi frango frito com arroz e batatas fritas e veio um prato com muita, mas muita comida (principalmente arroz). Sofri e não consegui comer tudo, servindo como experiência para minhas próximas refeições em La Paz. Neste restaurante também conheci um grupo de Argentinos que eu viria a encontrar novamente em outro momento da viagem.

Caminhei mais um pouco pelo centro, encontrando algumas pichações e grafites interessantes. As ruas de La Paz, assim como as de boa parte do país estão repletas de pichações de dois tipos: declarações de amor e mensagens de apoio ou repúdio ao referendo que acontecerá dia 21 de Fevereiro e que irá decidir (entre outras coisas) se Evo Morales poderá ser candidato a Presidente novamente. Pelo que percebi a população está bem polarizada e o governo já enfrenta desgaste mesmo entre seus apoiadores. Mas até que é divertido ver algumas das mensagens, por exemplo: alguém escreve “No” (contra Evo) e depois um apoiador do governo completa “No se vá Evo”.

20160104_095050

Placa contra a violência contra as mulheres

20160104_094723

Mensagem de apoio ao referendo

20160104_095829

Mensagem contrária ao referendo

Também encontrei algumas mensagens feministas, inclusive placas governamentais contra a violência contra as mulheres. Por fim, não é raro encontrar lojas que vendem produtos brasileiros, inclusive igrejas evangélicas como a Universal, que tem várias filiais na Bolívia. A fé é um dos nossos produtos de exportação.

20160104_095847

Grafite bacana

20160104_095148

Igreja Universal e sua filial em La Paz

Por fim voltei até o hostel. Me disseram que haveria uma festa durante a noite, então resolvi ver qual era. Fui com os Brasileiros e ficamos bebendo e trocando ideias. Resolvi experimentar os tais drinks promocionais de algum suco com rum. Bebi vários daqueles, que pareciam “fraquinhos”. Então a festa começou a ficar uma loucura, com gente dançando em cima da mesa, tirando a camisa e todas essas coisas que você assiste naqueles filmes de adolescentes americanos. Foi nesse momento que resolvi experimentar algumas doses de tequila. Bom, a história desta noite termina por aqui.

20160102_191141

  Hostel Loki – o salão de festas

Gastos (em Bolivianos)

  • 15 táxi (~R$ 8,82)
  • 55 hostel (~R$32,35)
  • 28 almoço (~R$ 16,50)
  • 6 água (~R$ 3,50)
  • 3,50 (~R$ 2,00)
  • 5 jornal (~R$ 2,94)
  • 100 “cachaça” (~R$ 58,82)

Total: 210 bolivianos (~R$ 123,52 na cotação de 1,70).