Dia 29/12, último dia em Sucre

O segundo dia até que foi bem tranquilo. Acordei cedo e parti para o mercado público para comer a salada de frutas. Quando estava em Samaipata o Colombiano e a Argentina que estavam em meu quarto me falaram que ouviram falar muito bem desta salada de frutas.Chegando no mercado pedi já uma grande. Era uma delicia, muito boa mesmo! você pode pedir se quer iogurte e creme, eu como bom gordinho pedi os dois.

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A salada!20151228_134745A banquinha de salada de frutas da simpática moça Boliviana

Devidamente alimentado sai para me preparar para a viagem ao salar de Uyuni. Ainda no mercado tive uma boa surpresa e uma não tão boa. A boa foi encontrar a Argentina e o Colombiano aleatoriamente no mercado. A ruim foi encontrar um grupo de Brasileiras que me disseram que não haviam mais passeios de 3 dias para Uyuni.

Foi então que sai em busca de agências de turismo para saber mais sobre isso. Todas me disseram que haveriam passeios de 3 dias. Mais tranquilo fui até a rodoviária e comprei a passagem, na volta aproveitei para comprar óculos escuros (bem fuleiros e baratos!) e protetor solar, indispensáveis na visita ao salar e que eu havia esquecido em casa. Também saquei dinheiro no caixa pois imaginei que iria ficar pelo menos uns 4 dias longe da “civilização”.

Voltei rápido para o hostel pois estava com muita dor de barriga. Fica a dica: é muito difícil existir papel higiênico nos banheiros, mesmo os pagos, portanto sempre carregue um com você, pois nunca se sabe né. Chegando lá resolvi dar uma descansada. Como eu já havia desocupado o quarto, deixando minhas coisas no depósito, tive que recorrer ao banco da praça. Até que foi gostoso dormir lá, pelo menos estava fresquinho.

Já era meio tarde quando resolvi encontrar meu próximo passeio. Resolvi ir até o Parque Cretacino, um parque onde existem pegadas de dinossauro fossilizadas em um grande bloco de concreto. Peguei uma van e parti em direção ao local, que fica bem afastado da cidade. Quando cheguei em um mercado popular chamado mercado campesino tudo ficou trancado. Era muito trânsito, que me lembrou desgraçadamente Florianópolis.

Depois de mais de 1 hora de trânsito intenso cheguei no parque. No caminho passamos pela periferia da cidade, que não é branquinha e bonitinha como o centro histórico. O parque fica ao lado de uma gigantesca fábrica de concreto, que foi a responsável por encontrar as pegadas depois que o concreto secou e elas ficaram evidentes.

Faltava meia hora para o parque fechar, então tive que ser rápido. Na realidade, tirando as pegadas não havia muito a se ver. Mesmo a pegadas tive de ver de longe usando binóculos (pagos), porque só existe uma visitação guiada por dia às 13h. De resto são grandes réplicas de dinossauros feitas em materiais sintéticos e alguns painéis bem interessantes contando como aquela região se formou. Foi bem bacana saber por exemplo que existia um grande mar onde hoje é o salar de Uyuni (o que explica o sal) entre outras coisas.

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Sabe o que eu faço com esses bichinhos?

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Se você tiver um pouco de imaginação pode perceber as pegadas

20151229_163828 Linda vista de cima do parque

Sai bem corrido na volta, porque ainda tinha que comprar algo para comer e pegar minha roupa na lavanderia. Chegando ao mercado comprei massa, cebolas, tomates e um “pimentão” para fazer o meu tradicional macarrão de despedidas seguro para viagens, dado meu estado. Preparei o bichinho e quando comi tive uma bela surpresa. Não era um pimentão, era uma baita pimenta ardida pra caramba. Bom, o estrago já estava feito, pois eu não tinha mais muito tempo. Comi um prato e parti para a rodoviária. Antes bati uma foto de um dos nossos produtos de exportação.

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Os gringos do hostel piram no velho barreiro!

Cheguei na rodoviária e fiquei ali em meio ao caos esperando o ônibus para Uyuni. Próximo capítulo desse blog!

20151229_195846Na Rodoviária de Sucre

Você pode ver aqui as fotos deste trecho da viagem.

Gastos (em Bolivianos)

  • 18 lavanderia (~R$ 10,50)
  • 8 salada de frutas (~R$ 4,70)
  • 70 passagem para Uyuni (~R$ 41,17)
  • 5 farmácia
  • 5 suco
  • 30 parque
  • 25 óculos
  • 5 manteiga de cacau
  • 17 comida
  • 6 ônibus

Total: 196b (~R$ 73,50 na cotação de 1,70).

Saque: 400 bolivianos (R$ 244,86 + R$ 12,00 taxa saque + R$ 15,58 IOF = equivalente a R$ 1,46 por boliviano).

Dia 27/12, último dia em Samaipata

Acordei cedinho e fui tomar um café no mercado. Encontrei um senhora que vendia saltenhas que estavam muito bonitas e cheirosas. As saltenhas Bolivianas são muito gostosas, e mais temperadas e com mais molho que as Argentinas ou Brasileiras.

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Mercado de Samaipata

Alimentado, resolvi ir ao meu próximo passeio: O Forte de Samaipata. No dia anterior uma Argentina e um Colombiano muito simpáticos que dividiram o quarto comigo haviam falado muito bem destas ruínas. Fiquei esperando um tempo por Oscar, o mototaxista e depois partimos para o forte.

O caminho era muito bonito. Logo começamos a subir e descer as montanhas que levam ao forte. Adrenalina a mil subimos a montanha mais alta, encontrando no seu topo, a cerca de 2.000 metros de altitude a entrada do parque onde está o forte.

Na entrada paguei a entrada e fiquei um tempo vendo os vários painéis que contam a história do lugar, onde também estão informações de outros pontos turísticos próximos a Samaipata. Por exemplo a Ruta del Che, passagem do guerrilheiro argentino Che Guevara que foi morto pelo exército da Bolívia na cidade de La Higueira. Nos painéis tive os desprazer de ouvir um cara que falava em inglês chamando o Che de terrorista, mas resolvi não discutir e segui meu caminho.

Cheguei ao forte depois de subir uma trilha até a parte mais alta da montanha. No caminho deu para escutar várias histórias de uma guia nativa que acompanhava um grupo grande de pessoas. Os primeiros povos que se tem registro de viverem ali foram os Chanés, originários do Caribe, eles entalharam na grande rocha de arenito diversas figuras como onças, serpentes e pumas e utilizavam o local para cerimônias religiosas e fortificação militar.

Segundo a guia, o local era um ponto de convergência de diversos povos Amazônicos, pois a região é um ponto de encontro de importantes biomas Bolivianos: A Amazônia o Chaco e os Andes. Por volta haviam vários silos onde os povos estocavam comida e realizavam comércio. Quando surgiu o Império Inca, se tornou uma importante cidade e fortificação desse povo, que ali construiu um templo, terraças agrícolas e uma sede administrativa e militar.

Durante anos também foi alvo dos temidos guerreiros Guarani, que chegaram a dominar o local temporariamente. Com o genocídio espanhol passou a se tornar uma fortificação da coroa, e hoje é tombado como patrimonio histórico da humanidade pela UNESCO.20151227_105324

A pedra de arenito onde estão as inscrições Chané20151227_112621

Ruínas Incas20151227_114306

Templo Inca, onde ficavam estátuas e oferendas

20151227_110816Ruínas Espanholas

Voltei para Samaipata e me despedi de Oscar. Resolvi almoçar no mercado, no pequeno restaurante de uma senhora Boliviana: prato do dia Picante de Pollo, um frango ensopado em um molho vermelho e picante, acompanhado de arroz  e batatas. Bem gostoso! A senhora era bem curiosa e fez várias perguntas para mim sobre o Brasil.

Dei uma passeada pela cidade e fui ao museu dos povos originários (você não paga a entrada se tiver o ticket do forte). Apesar de pequeno o museu é bem interessante, tem várias peças de cerâmica, ferramentas e ossos dos diversos povos, com painéis que contam a história e mostram os lugares onde viveram.

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Peças do Museu de Samaipata

Depois dei uma descansada na rede do hostel e fiquei esperando chegar mais próximo do horário do ônibus para preparar uma janta. Fui ao mercado e comprei algumas cebolas, tomates, cheiro verde e macarrão e preparei uma massa. Acabou sobrando, então dividi com uma galera que estava por ali na área de convivência. Ganhei elogios de uma Israelense 🙂

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Macarrão de despedida de Samaipata

Me despedi da galera e fui até o restaurante onde param os ônibus para Sucre. Na parede do restaurante uma lembrança arqueológica dos tempos áureos de nosso Futebol.

20151227_191347Figuras de uma era distante

Quando o Ônibus chegou eu mal sabia a aventura que me esperava. Continua no próximo capitulo!

Aqui nesse album você pode ver as fotos que selecionei do trecho de Santa Cruz e Samaipata.

Gastos (em Bolivianos)

  • 6 café (~R$ 3,33)
  • 35 hospedagem (~R$ 19,44)
  • 40 mototáxi (~R$ 22,22)
  • 50 forte (~R$ 27,78)
  • 6 água (~R$ 3,33)
  • 1o almoço (~R$ 5,55)
  • 20 janta (~R$ 11,11)
  • 150 passagem ônibus para Sucre (~R$ 83,33)

Total: 267b (~R$ 150,00 na cotação de 1,80).

Dia 26/12, primeiro dia em Samaipata

Acordei cedo e dei uma volta pelo Hostel. O Jardim de Samaipata é um hostel ecológico, onde todas as habitações são feitas com técnicas de bioconstrução, com paredes de adobe e material reciclado. Existe também um banheiro seco, onde ao invés de água se utiliza serragem para os dejetos sólidos (depois que encontrei uma aranha em uma das privadas, fiquei um tanto cabreiro de utilizar!). O pessoal também pode acampar no jardim. O clima é de liberdade total e é possível trocar hospedagem por algumas horas de trabalho.

Depois de um tempo notei que a cidade toda respira essa atmosfera ecológica, existem vários grupos de permacultura, hortas e sistemas de troca de trabalho.

20151227_182814 20151226_175443 20151226_063232Fotos do Hostel

Na saída do quarto tive alguma dificuldade com um hospede inesperado, que se recusava terminantemente a sair. Era compreensível, o chão estava fresquinho!

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Hospede inesperado

Finalmente consegui sair para tomar um café da manhã no mesmo lugar que eu havia jantado, o aconchegante “La Chakana” que fica ao lado da praça principal. Dei uma volta pela praça, tirando fotos de algumas esculturas interessantes que ficam por lá.

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La Chakana

20151226_065548 20151226_065628

Fotos da Praça

Ai entra em cena o segundo perrengue da viagem. Resolvi comprar minha passagem para Sucre, e descobri que era mais caro do que eu esperava. Ou seja, precisava trocar dinheiro e não havia uma casa de câmbio aberta porque era sábado. Depois de muita peregrinação consegui trocar em um minimercado chamado “Estrejita” que fica na rodovia (consegui 1,70 na cotação).

Mais tranquilo fui em busca de meu próximo passeio. A senhora do táxi havia me avisado de um lugar muito bonito chamado “Cuevas” onde haviam várias cachoeiras. Parti em direção deste lugar, me assustando com os preços que os taxistas cobravam para levar e buscar (100 bolivianos!). Cheguei a conclusão que a forma mais barata (e divertida) de ir até lá seria de mototáxi. Foi então que eu conheci o Oscar, simpático motoqueiro Boliviano que iria me levar para os próximos passeios mais distantes da cidade. 20151226_174437

Oscar

Ir de moto foi um barato. As paisagens são bonitas e andar por aquelas estradas nas montanhas dá um friozinho na barriga. O parque das “Cuevas” é um lugar lindo. Mata tropical, montanhas avermelhadas e belas cachoeiras. Muitos Bolivianos aproveitavam o dia se refrescando nas águas com suas famílias. Valeu muito a pena se aventurar nas trilhas do parque e tomar um banho nas cascatas.

20151226_144455 20151226_145531 20151226_151800 20151226_152326 20151226_145205Paisagens no Parque Cuevas

De volta a cidade dei uma descansada e resolvi dar uma volta e comer algo. Antes fiquei um tempo no hostel curtindo um lual com aquela galera argentina que estava na praça. Depois fui um lugar chamado “La Boheme” onde iria se apresentar uma banda de “Jazz, Fusion, Rock, Bossa Nova Psicodélica” chamada Amazônika. A banda era muito boa! tocaram pelo menos duas músicas brasileiras, várias de Jazz e também duas do Buena Vista Social Clube. O trompetista era muito gente boa e já tinha morado vários anos no nordeste do Brasil.

Na finaleira da noite aparece uma visita inesperada. O meu amigo de quarto entra pela porta da frente e se recusa a sair da balada. Os seguranças tiraram ele, e segundos depois ele pulou pela janela para dentro do bar novamente, ficando lá até se entediar e resolver sair por conta própria. Botei fé nesse cachorro.

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O bar “La Boheme”

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Nosso amigo novamente

Banda Amazonika – Summertime

Gastos (em Bolivianos)

  • 19 café
  • 5 sabonete
  • 4 internet
  • 35 hospedagem
  • 40 mototáxi
  • 15 entrada cuevas
  • 15 lanche
  • 44 janta
  • 25 balada
    Total: 202b (~112 reais na cotação de 1,80).