Perereca Suicida – um hit brasileiro na Bolívia

Perereca Suicida – hit brasileiro na Bolívia (sim a gravação é horrível)

Interrompemos a programação das publicações da viagem para uma lembrança aleatória: o funk Perereca Suicida é um hit na Bolívia!

A primeira vez que escutei a música foi em Samaipata, um pequeno povoado com uma atmosfera meio hippie. Lá, no meio do mercado público, cercado de Cholas e gente falando em Queshua escutei aquela som característico vindo deu ma loja de música. No começo não acreditei no que estava ouvindo, mas depois confirmei com o refrão.

Depois em Sucre, perto do mercado. E por fim em uma festa em La Paz.

Funk, gostem ou não, é um produto de exportação legitimamente brasileiro!

Dia 27/12, último dia em Samaipata

Acordei cedinho e fui tomar um café no mercado. Encontrei um senhora que vendia saltenhas que estavam muito bonitas e cheirosas. As saltenhas Bolivianas são muito gostosas, e mais temperadas e com mais molho que as Argentinas ou Brasileiras.

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Mercado de Samaipata

Alimentado, resolvi ir ao meu próximo passeio: O Forte de Samaipata. No dia anterior uma Argentina e um Colombiano muito simpáticos que dividiram o quarto comigo haviam falado muito bem destas ruínas. Fiquei esperando um tempo por Oscar, o mototaxista e depois partimos para o forte.

O caminho era muito bonito. Logo começamos a subir e descer as montanhas que levam ao forte. Adrenalina a mil subimos a montanha mais alta, encontrando no seu topo, a cerca de 2.000 metros de altitude a entrada do parque onde está o forte.

Na entrada paguei a entrada e fiquei um tempo vendo os vários painéis que contam a história do lugar, onde também estão informações de outros pontos turísticos próximos a Samaipata. Por exemplo a Ruta del Che, passagem do guerrilheiro argentino Che Guevara que foi morto pelo exército da Bolívia na cidade de La Higueira. Nos painéis tive os desprazer de ouvir um cara que falava em inglês chamando o Che de terrorista, mas resolvi não discutir e segui meu caminho.

Cheguei ao forte depois de subir uma trilha até a parte mais alta da montanha. No caminho deu para escutar várias histórias de uma guia nativa que acompanhava um grupo grande de pessoas. Os primeiros povos que se tem registro de viverem ali foram os Chanés, originários do Caribe, eles entalharam na grande rocha de arenito diversas figuras como onças, serpentes e pumas e utilizavam o local para cerimônias religiosas e fortificação militar.

Segundo a guia, o local era um ponto de convergência de diversos povos Amazônicos, pois a região é um ponto de encontro de importantes biomas Bolivianos: A Amazônia o Chaco e os Andes. Por volta haviam vários silos onde os povos estocavam comida e realizavam comércio. Quando surgiu o Império Inca, se tornou uma importante cidade e fortificação desse povo, que ali construiu um templo, terraças agrícolas e uma sede administrativa e militar.

Durante anos também foi alvo dos temidos guerreiros Guarani, que chegaram a dominar o local temporariamente. Com o genocídio espanhol passou a se tornar uma fortificação da coroa, e hoje é tombado como patrimonio histórico da humanidade pela UNESCO.20151227_105324

A pedra de arenito onde estão as inscrições Chané20151227_112621

Ruínas Incas20151227_114306

Templo Inca, onde ficavam estátuas e oferendas

20151227_110816Ruínas Espanholas

Voltei para Samaipata e me despedi de Oscar. Resolvi almoçar no mercado, no pequeno restaurante de uma senhora Boliviana: prato do dia Picante de Pollo, um frango ensopado em um molho vermelho e picante, acompanhado de arroz  e batatas. Bem gostoso! A senhora era bem curiosa e fez várias perguntas para mim sobre o Brasil.

Dei uma passeada pela cidade e fui ao museu dos povos originários (você não paga a entrada se tiver o ticket do forte). Apesar de pequeno o museu é bem interessante, tem várias peças de cerâmica, ferramentas e ossos dos diversos povos, com painéis que contam a história e mostram os lugares onde viveram.

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Peças do Museu de Samaipata

Depois dei uma descansada na rede do hostel e fiquei esperando chegar mais próximo do horário do ônibus para preparar uma janta. Fui ao mercado e comprei algumas cebolas, tomates, cheiro verde e macarrão e preparei uma massa. Acabou sobrando, então dividi com uma galera que estava por ali na área de convivência. Ganhei elogios de uma Israelense 🙂

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Macarrão de despedida de Samaipata

Me despedi da galera e fui até o restaurante onde param os ônibus para Sucre. Na parede do restaurante uma lembrança arqueológica dos tempos áureos de nosso Futebol.

20151227_191347Figuras de uma era distante

Quando o Ônibus chegou eu mal sabia a aventura que me esperava. Continua no próximo capitulo!

Aqui nesse album você pode ver as fotos que selecionei do trecho de Santa Cruz e Samaipata.

Gastos (em Bolivianos)

  • 6 café (~R$ 3,33)
  • 35 hospedagem (~R$ 19,44)
  • 40 mototáxi (~R$ 22,22)
  • 50 forte (~R$ 27,78)
  • 6 água (~R$ 3,33)
  • 1o almoço (~R$ 5,55)
  • 20 janta (~R$ 11,11)
  • 150 passagem ônibus para Sucre (~R$ 83,33)

Total: 267b (~R$ 150,00 na cotação de 1,80).

Dia 25 chegada em Santa Cruz de La Sierra e viagem para Samaipata

Cheguei na Bolívia no dia 25/12. Chegando no Aeroporto Viru Viru em Santa Cruz de La Sierra o primeiro passo foi fazer a migração, que demorou cerca de 1h porque haviam poucas pessoas atendendo (compreensível em um feriado). O Aeroporto tem um tamanho bem parecido com o de Florianópolis, mas se parece menos com um Shopping center.

A primeira coisa que fui fazer foi trocar o dinheiro na casa de câmbio. Como a fila era grande e algumas pessoas disseram que a taxa de câmbio era melhor no centro acabei desistindo de trocar no Aeroporto e peguei uma van direto pro centro (são raros os ônibus para transporte público dentro das cidades na Bolívia e as vans do Aeroporto demoram porque esperam encher).

No caminho não estranhei muito a paisagem. Alguns coqueiros em uma grande planície. Muitas concessionárias, lojas, mercados e restaurantes. Um calor de matar e muitas pessoas pedindo esmolas nas ruas mais próximas do centro. Nada muito diferente de uma cidade grande no Brasil.

Chegando na praça central me toquei de que era Natal (espertão!) e que não haviam casas de câmbio abertas. Pedi informações para uma jovem Boliviana (que sonhava em trabalhar no Brasil) e que me levou a um cambista onde eu teria a minha melhor cotação da viagem (1,80 Bolivianos por Real).

Com alguns Bolivianos no bolso (depois me arrependi de não ter trocado mais) sai para almoçar em um pequeno restaurante que parecia ser chinês, um dos únicos que estava aberto. Comi um macarrão com banana frita, carne de gado e purê de alguma batata bem diferente, e claro, como eu viria a descobrir quase tudo vem com sopa na Bolívia.

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Primeiro rango na Bolivia

Dei uma volta pela praça que fica em frente à catedral da cidade. Haviam vários Bolivianos descansando e conversando, a maioria tinha traços indígenas. A praça estava enfeitada para o Natal e  havia um papai noel com suas tradicionais vestimentas da Coca Cola, “bem próprias” para uma região tropical como Santa Cruz.

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Praça central de Santa Cruz

Como minha ideia era ir direto a Samaipata comecei a pedir informações. Acabei achando algumas coisas interessantes, como cartazes de cursos de  linguagens originárias para funcionários públicos (Guarani e Quechua) e um estêncil do Papa Francisco cheio da grana.

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Coisas interessantes pelo centro

Depois de um tempo andando como barata tonta pelo centro acabei pedindo um Táxi. O motorista era simpático e um grande fã do Evo Morales Ayma, Presidente da Bolívia, que segundo ele deveria governar por mais “50 anos”, pois as coisas haviam melhorado muito para o povo graças a nacionalização das reservas de petróleo e gás. O motorista me deixou no terminal velho, onde peguei um “Táxi Coletivo” até Samaipata.

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No táxi coletivo

Não tive tanta sorte com o segundo motorista que era bem ranzinza. Mas em compensação a senhora que sentou do meu lado foi muito querida e atenciosa ao me explicar os pontos por onde passávamos na estrada e ao me tranquilizar quando começamos a subir a serra em uma estrada um tanto ruim. Ali começou a mudança da paisagem, da planície para a montanha e da vegetação esparsa para uma mata um pouco mais densa. Rios um tanto secos e avermelhados cortavam as montanhas e as pedras tinham várias cores. Foram cerca de 3 horas até chegarmos em Samaipata, que fica em um vale.

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A caminho de Samaipata

O motorista me deixou direto no hostel “El jardim de Samaipata“, dica de um amigo Colombiano que ficou um tempo trabalhando lá. Já estava entardecendo então aproveitei para dar uma passeada na cidade, comer algo e tomar uma cerveja (que são boas, embora seja difícil beber uma gelada de verdade). Depois dei uma passeada na praça onde vi a apresentação de um grupo circense formado por Argentinos e um Venezuelano, que depois descobri que estavam hospedados no mesmo hostel que eu. Cansado, fui ao hostel e dormi ansioso para o dia seguinte.

20151225_171215Eu taco fogo!

Apresentação circense na praça de Samaipata

Gastos (em Bolivianos)

  • 6 ônibus aeroporto
  • 27 almoço
  • 15 táxi para terminal velho
  • 40 táxi coletivo para Samaipata
  • 35 hospedagem
  • 7,5 toalha de banho
  • 55 janta (comi em lugar de turista e bebi cerveja!)

    Total: 185,50 (~103 reais na cotação de 1,80).