O trem da serra do mar: deslizando no céu sob brumas de mil megatons

No dia de Natal parti para o passeio de trem pela Serra do Mar. O trem é gerido pela companhia Serra Verde e sai da estação rodoferroviária de Curitiba com destino a Morretes. Existem algumas opções de tarifas, sendo que as mais em conta são a econômica (R$ 95,00 em até 3x), que tem bancos de plástico e a turística (R$ 119,00 em até 3x) com bancos de couro e um lanchinho escroto estilo avião. Acima disso tem a Litorina, com vagões gourmet.

Região metropolitana de Curitiba

Escolhi a turística, um meio termo entre o conforto das nádegas versus a crise tá braba. Tanto as fileiras de poltronas do lado esquerdo como as do direito tem vistas incríveis, mas a da esquerda me pareceu ficar a maior parte do tempo com vista oposta à montanha (mais bacana). O trem saiu às 8:15 e passou pelo centro, periferia e região metropolitana de Curitiba. Mesmo antes de chegar na serra o caminho é muito bonito, a mudança de cenários do urbano para os campos e por fim a mata atlântica é uma das coisas mais interessantes de notar.

Campos

A equipe que guia o passeio vende algumas lembrancinhas e fala sobre o trajeto, contando sobre a história da ferrovia e os diferentes pontos de interesse. A obra, muito ousada para o seu tempo (Brasil Império), foi idealizada e projetada por dois irmãos engenheiros Baianos e negros nascidos em plena escravidão, os irmãos Rebouças. Na época foi considerada impraticável pelos europeus.

A subida da serra é lenta, tornando tranquilo apreciar a paisagem e tirar fotos. No caminho a mata atlântica nativa com toda sua exuberância, os paredões de rocha pura, muitos túneis, cachoeiras, riachos, um lago de represa e diversos desfiladeiros. O dia estava bem nublado, o que impossibilitou de ver as montanhas e os vales, mas também deu uma atmosfera misteriosa e ao mesmo tempo um tanto assustadora. Em alguns pontilhões o trem parece estar flutuando no céu, é uma viagem inesquecível!

Lago de represa
Ruínas na mata

 

Desfiladeiro

Ao passar em uma antiga estação o trem começa a descer a serra em direção a Morretes. Ali o tempo deu uma abrida, permitindo visualizar o vale lá longe. Por ali também tem uma bifurcação onde em dias uteis pode acontecer de o trem parar para que os trens de carga passem. Próximo da cidade e margeando a ferrovia existem diversos sítios e as crianças vão para perto do trem vender balas de gengibre ou banana e também pedir uns trocados.

Chegando no vale

A viagem acaba com a chegada na antiga estação ferroviária de Morretes. Fim da linha.

Mais fotos neste album no Flickr.

 

 

 

 

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Curitiba: Parques, Flores, Mendigos e SUVs

Iniciei minha jornada de férias partindo de Floripa para Curitiba no dia 24 de Dezembro, vésperas de Natal. O trânsito na BR-101 estava tranquilo e o tempo passou rápido pois fui conversando com uma amiga que pegou carona comigo durante a viagem.

A viagem foi feita em um Ford Fiesta 1.0 que em momento algum me deixou na mão, carrinho valente! A BR-101 sentido Curitiba tem 4 pedágios, todos eles de valor bem baixo (R$ 2,30) comparados aos pedágios absurdos do Paraná. A estrada tem uma boa manutenção, poucos radares e várias paradas interessantes para comer, especialmente na subida da serra em Garuva.

BR101 sentido Curitiba, próximo a Garuva

Chegando em Curitiba fui procurar minha mãe e minha tia que estavam me esperando no Museu Oscar Niemeyer. O museu já estava fechado, então ficamos ali fora tomando um chimarrão e passeando pelo parque ao lado. O museu é bem bonito mesmo de fora, com um prédio em formato de olho que garantiu o apelido popular carinhoso de “museu do olho”. Lembra um pouco o olho de Sauron, da obra do Tolkien. Por Mordor!

Museu Oscar Niemeyer

Minha tia foi para a casa dos parentes e minha mãe e eu resolvemos dar um rolê de ônibus turístico pela cidade. Curitiba tem uma frota grande de ônibus panorâmicos que passam pelos principais pontos turísticos da cidade. Se você não entende nada da cidade vale a pena, até porque você pode escolher em quais pontos parar e depois pegar outro ônibus e parar em um próximo ponto turístico. Funciona assim: cada cartela te dá direito a 4 paradas e custa 40 reais. Você pode ligar no 156 para informações sobre endereços, ônibus e horário de funcionamento dos pontos turísticos.

No rolê do ônibus panorâmico

Embarcamos no museu e descemos na Ópera de Arame, um teatro ao ar livre bem bacana. O acesso ao interior estava fechado, então ficamos ali por fora apreciando a paisagem. O teatro fica ao lado da Pedreira Paulo Leminski, palco de grandes shows, que também estava fechada.

Ópera de Arame

A próxima parada seria uma Torre com visada panorâmica da cidade, que também estava fechada. No caminho passamos por muitos parques públicos muito bonitos, repletos de verde e de gente passeando. Curitiba chama a atenção pela quantidade de espaços públicos abertos para a população.

Um dos parques de Curitiba

Acabamos parando no centro histórico, onde eu queria conhecer a famosa Rua das Flores, mas ninguém sabia me informar onde era (sério!), talvez eu devesse ter chamado de XV de Novembro. Lá conhecemos a Catedral e mais alguns prédios históricos. Nas paredes, um grafite de Leminski para inspirar. Nas ruas do centro também passamos a conhecer outra Curitiba, diferente da cidade modelo, cheia de moradores de rua espalhados pelas calçadas. Afinal Jesus não tem dentes no país dos banguelas, nem mesmo no seu aniversário.

Centro histórico

Foi então que desisti das flores, comi o terceiro e último pastel do dia e partimos em busca do ônibus. Fomos auxiliados por uma moça que trabalhava numa loja do centro, que até pagou nossa passagem com seu cartão porque não podíamos pagar diretamente em dinheiro.

Leminski vive!

Pegamos o carro no Museu e partimos para Colombo. No caminho muitas SUVs importadas de vidros fumês com o selo da gloriosa República de Curitiba: “Eu Apoio a Lava a Jato”, misteriosamente não vi nenhum carro popular com tal selo patriota. Nos perdemos um pouco no caminho, indo parar na zona rural que tem uns parreirais bacanas, Colombo é terra de italiano fazedor de vinho, e todo mundo tem uma penca de salame na cozinha. Achamos nossos parentes e partimos para a ceia.

Neste dia não deu tempo de conhecer o Jardim Botânico, algo que viemos a fazer na volta da viagem quando minha mãe retornou para o velho Oeste. O Jardim Botânico foi sem dúvida o lugar mais bonito que conhecemos na cidade. Selecionei algumas fotos neste álbum no Flickr.

Jardim Botânico
Jardim Botânico
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28° Festival Internacional de Balonismo em Torres (23/04/16)

Dou sequencia aos relatos de viagens contando sobre um “bate e volta” que fiz para o Festival Internacional de Balonismo em Torres, Rio Grande do Sul. O festival acontece todo ano, por volta de abril ou maio. Este ano ele aconteceu entre os dias 20 a 24 de abril.

Saímos 11 da manhã do dia 23 de abril, em um sábado em meio a um feriadão chuvoso. Saí de Jaguaruna, que fica no sul de Santa Catarina distante uns 100 km de Torres. Fazia sol, mas dava para ver algumas nuvens meio distantes. Fui dirigindo acompanhado de um casal de amigos do Oeste do Paraná (Wagner e Tais), que também estavam bem empolgados e ver os balões!

A viagem para Torres durou cerca de 1 hora. O caminho é bem tranquilo, todo duplicado e com muito poucas curvas. Se for dirigir de noite a coisa é mais complicada porque costuma ser repleto de nevoeiro (desta vez não foi diferente).

Chegamos em Torres debaixo de muita chuva. Foi um tanto brochante pois achamos que não iriamos conseguir ver os balões, dado que eles não voam quando está chovendo. Paramos para almoçar em um boteco na avenida principal da cidade, estacionando umas 8 quadras longe do parque onde ocorre o festival.

Ali pelas 15h saímos do restaurante (que não lembro o nome), onde fomos muito bem atendidos e partimos para o parque onde a entrada é gratuita. Logo na entrada uma das atrações do parque, o tal “bar nas alturas” que é levado ao alto por um guindaste. Você paga uns 30 contos para ficar uma meia hora lá em cima e tem direito a esse valor em consumação e umas “selfies”. Confesso que não me empolgou muito não.

Ficamos passeando pelos estandes do parque. Haviam várias lojas de artesanato, camisetas e principalmente comida (muitos doces e chocolates). Havia também um setor onde estavam expostos alguns projetos de ecologia e outro institucional onde estavam pessoas da prefeitura. Nesse setor da parte de ecologia acabei conhecendo o Luiz, que me apresentou o projeto de economia solidária que a prefeitura municipal de Torres desenvolve. É um projeto bem interessante que conseguiu recuperar o meio ambiente em um lugar onde havia um aterro, além de profissionalizar e dar dignidade as pessoas que viviam catando lixo. Hoje eles tem um barracão todo equipado e trabalham com reciclagem.

Ali pelas 16h o tempo já tinha estiado e fomos para uma arquibancada pois falaram que os balões iriam subir. No caminho muito, mas muito barro! Digamos que a organização do evento não foi das melhores. Chegamos lá, compramos algumas cervejas (Polar, o orgulho dos gaúchos) e se enfiamos no meio da multidão. Os balões subiram bem longe dali e demorou até que começassem a aparecer. Ficamos de olho, até que os primeiros começaram a surgir das nuvens, como um esquadrão de naves alienígenas prontas para nos atacar (Ok, já tinha passado das 16:20).

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Os balões surgindo das nuvens!

O objetivo desta prova (são várias provas ao longo dos dias) é jogar uma peteca do balão e atingir um alvo que fica próximo de onde os balões costumam pousar. Eles podem chegar bem próximo do alvo, mas não podem encostar no chão. Aos poucos os balões iam se aproximando, alguns pegavam um vento “errado” e iam para bem longe!

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Aos poucos as equipes iam chegando, jogavam a peteca e aterrizavam. Tudo era narrado com muita empolgação pelo DJ Cobra e seu magnifico set de música eletrônica dos anos 80. Sério, o cara não tinha noção alguma!

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No final os balões ficaram ali aterrissados e começou o tal do Night Grow, que estávamos curiosos para saber o que era. Bom, não era nada demais, os balões já no chão ficavam acionando a queima do gás, numa exibição pirotécnica. Depois, já durante à noite, algumas camionetes saíram do parque em carreata com o equipamento de queima pelas ruas, jogando fogo para cima. O balonismo é um esporte da elite local, que gasta uma grana para preparar seus balões e competir no festival.

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Night Grow

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Se preparando para a carreata!

No final jantamos na praça de alimentação, conversamos bastante e voltamos para Jaguaruna. Foi um passeio divertido e bem barato. Praticamente só gastamos em gasolina e comida! Até dá para passear de balão, mas é muito caro (cerca de 400 reais para meia hora), então acabamos desistindo.

Mais fotos podem ser vistas no Flickr.

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Planilha com as despesas da viagem para a Bolívia (25/12/15 até 09/01/16)

Depois de alguns meses peguei um tempinho para montar uma planilha com os gastos com a viagem para a Bolívia.

Para quem interessar, podem baixar aqui.

Algumas informações:
* Período: 25/12/15 até 09/01/16.
* Total de gastos: R$ 3.789,35
* Total gasto dentro da Bolívia: R$ 2.005,21
* Total gasto dentro da Bolívia (em Bolivianos): 3.448 Bs
* Total com transporte até a Bolívia (ida/volta): R$ 1.784,14
* Média de gastos/dia dentro da Bolívia: R$ 133,68
* Total de dias: 15
* Gastos com comida: R$ 424,02
* Gastos com hospedagem: R$ 266,57
* Gastos com transporte dentro da Bolívia: R$ 420,28
* Gastos passeios “turísticos”: R$ 465,52
* Salário mínimo na Bolívia: 1805 Bs

É isso ai, em breve publicações sobre outras viagens! 🙂

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Dia 09/01: a busca por um hostel e a volta para casa

Cheguei em Santa Cruz de la Sierra por volta das 21h. Logo ao sair do avião já senti a diferença de temperatura, altitude e pressão. Estava calor e finalmente eu estava voltando a sentir que estava transpirando.

Peguei uma van e sai do aeroporto, em direção a praça dos estudiantes, onde eu tinha encontrado um hostel na internet. No caminho comecei a ver a diferença de Santa Cruz para outras cidades da Bolívia: haviam muitas concessionárias, muitos carros particulares nas ruas, supermercados (são raros em outras cidades) e até shopping center. Aparentemente o capitalismo globalizado é muito mais expandido e culturalmente enraizado do que nas cidades andinas.

Cheguei na praça e comecei a procurar o hostel, que se chamava “Los Aventureros“. A praça era bem movimentada e cheia de restaurantes próximos, muitos dos quais aceitavam cartão de crédito. Como eu faria aniversário a meia noite, fiquei pensando em comemorar bebendo uma cerveja e comendo algo ali por perto.

Foi então que encontrei o hostel. Bati palmas e ninguém atendia. Bati na porta e ninguém atendia. Já era próximo das 22h e comecei a ficar preocupado. Conversei com os flanelinhas que estava próximos e eles disseram que o hostel estava funcionando. Já puto da cara, bati com mais vontade na porta para ter certeza que iriam escutar. Ouvi um grito de “não existem vagas”, sem ao menos abrirem a porta e conversarem comigo.

Nervoso, sai em procura do outro hostel, chamado de “Loro Loco“.  Perguntei pra um rapaz em um restaurante que me disse que não ficava “muito longe”. Como já haviam dito para eu me cuidar nas ruas, fiquei um pouco cabreiro de andar depois das 22h ali pela avenida. Caminhei, caminhei e nada. Depois de umas 10 quadras perguntei a um rapaz em um sushi que me disse para virar em uma rua logo a frente.

A região parecia meio abandonada. Alguns becos escuros, bastante lixo nas ruas. Comecei a pensar que não estava no lugar certo. Foi então que um carro parou e um homem acompanhado com uma mulher me disse que eu estava indo pro lado errado, que ali era muito perigoso. Pedi uma carona até o hostel e ele gentilmente topou me levar.

Cheguei no hostel aliviado. Na sala quem eu encontro? O Russo que estava em La Paz e que parecia com o Ozzy Ousborne! Trocamos algumas ideias e tentei pegar o contato dele, mas ele não usava nenhuma rede social das que costumamos usar aqui no ocidente. O hostel era bem bacana, com um ótimo atendimento.

Deixei minhas coisas no quarto e sai para procurar um lugar para beber, comer e comemorar meu aniversário. A maioria dos restaurantes ali por perto estavam fechados. Caminhei mais um pouco e encontrei um hambúrguer ao lado de um boteco meio sombrio.  Se chamado o “Tren Rojo”. Lá comi um hambúrguer grande com batatas fritas e tomei uma coca cola. Depois fui no boteco do lado, comprei uma longneck e sai tomando de volta para o hostel. Foi meu jantar de aniversário!

Santa Cruz é uma cidade que me deu um pouco de medo. Foi a cidade mais parecida com as brasileiras. Na volta para o hostel fiquei trocando algumas ideias com um pessoal que estava meio que fazendo uma festinha. Depois fui dormir.

O dia 09/01 foi uma longa peregrinação de volta para casa. Tomei um café reforçado no hostel, depois peguei uma van para o aeroporto. Do Aeroporto de Santa Cruz um voo para São Paulo, de São Paulo um voo para Curitiba, de Curitiba um ônibus para Florianópolis. E assim terminou a viagem de 15 dias pela Bolívia. Em breve vou publicar uma resumo de todos os gastos que tive com a viagem, para ajudar futuros viajantes.

Fim da linha.

Gastos (em Bolivianos)

  • 20 janta (~R$ 11,76)
  • 8 cerveja (~R$ 4,70)
  • 45 hostel (~R$ 32,35)
  • 7 água (~R$ 4,11)
  • 15 ônibus (~R$ 8,82)
  • 16 comida pra viagem (~R$ 10,00)
  • 20 café (~R$ 11,76)
  • 5 jornal (~R$ 2,94)
  • Total: 136 bolivianos (~R$ 80 na cotação de 1,70).

 

 

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Dia 08/01: último dia em La Paz, a calle de las brujas e a ida para Santa Cruz

Acordei e sai para passear com Yghor e Luiza, naquele que seria meu último dia em La Paz. Fomos para o tal mercado das bruxas, que fica na calle de las brujas (meio óbvio não).

 

A Calle de las Brujas é cheia de lojas onde se vende de tudo. As primeiras lojas da rua são especializadas em materiais para bruxaria, cerimônias religiosas, medicina alternativa, etc. Tem ervas para dor de estomago, afrodisíacos, grãos, estátuas e até llamas empalhadas (o que é um tanto bizarro). Depois tem lojas que vendem camisetas, tecidos com cores andinas, roupas, instrumentos musicais, jóias, etc.

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Tem remédio pra tudo

20160108_110242Llamas empalhadas

20160108_114957 Tecidos

Ficamos um bom tempo passeando por ali. Depois comprei alguns presentes para a família e os amigos e saímos para almoçar. Fomos até o mercado popular, onde existem vários restaurantes confinados em pequenos boxes de lata. Encontramos um em que haviam muitas pessoas. Pedimos um prato paceño, prato popular em La Paz onde vem um milho grande, um bife, vagens e um pedaço grande de queijo coalho. Estava muito bom!

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Mercado Popular

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Prato Paceño

Me despedi de Yghor e Luiza. Com os presentes comprados, passei no hostel para pagar minha conta e pegar minhas coisas para ir para o aeroporto. Peguei uma van que em cerca de meia hora estava no aeroporto em El Alto, pertinho da feira em que fui no meu segundo dia na cidade.

O aeroporto era mediano, mais ou menos do mesmo tamanho do de Florianópolis. Talvez até um pouco menor. Lá peguei um voo direto para Santa Cruz de La Sierra. O voo da companhia Amaszonas durou pouco mais de 1 hora, e foi bem tranquilo.

Foi então que cheguei em Santa Cruz, e comecei minha jornada para procurar um hostel. História que continuo no próximo post. O último desta viagem!

Fotos selecionadas de La Paz

Gastos (em Bolivianos)

  • 55 hostel (~R$ 32,35)
  • 116 presentes (~R$ 68,23)
  • 8 ônibus (~R$ 4,70)
  • Total: 195,5 bolivianos (~R$ 115,00 na cotação de 1,70).
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Dia 07/01: voltando para La Paz

Esse dia até que foi tranquilo. Acordei com o chileno desesperado para comprar água, depois do porre da noite anterior. Fomos no mercadinho e compramos uns 2 litros de água que duraram bem pouco.

Depois disso ficamos ali na frente da hospedagem tomando mate e jogando conversa fora. Estávamos em dúvida se dormiríamos mais um dia por ali, mas no fim todos decidiram por ir embora. Os chilenos e Pingo foram os primeiros, pegaram o primeiro horário do barco as 9:30. O restante (eu incluído) esperou o próximo horário das 13:30.

O barco foi direto para Copacabana. A viagem durou pouco mais de 2 horas, tempo em que ficamos (para variar) tomando mate e trocando idéias. Uma coisa que me chamou a atenção foi a quantidade de argentinos no barco e a quantidade coisas que eles levavam. Tinha gente carregando barraca, chaleira, porta mate e até botijão de gás!

Na chegada em Copacabana fomos almoçar em um restaurante na subida da ladeira. Me despedi de Flor e Julieta e parti para La Paz em um dos ônibus que saem da praça (tem de hora em hora, não compre nas agências!).

No ônibus pensei em dormir, mas ai comecei a conversar com um casal de brasileiros que estavam nos bancos da frente. Eles se chamavam Yghor e Luiza e estavam viajando pela América Latina já fazia algum tempo. Ficamos conversando sobre nossas viagens por um tempão, e contei inclusive sobre os bloqueios na vinda de La Paz para Copacabana.

Foi então que ao chegarmos perto de El Alto o ônibus começou a fazer um desvio, pois parecia que havia outro bloqueio na pista. O desvio era enorme, e começamos a andar por uma estrada de chão que parecia não terminar. As luzes da cidade ficavam cada vez mais longe. No caminho várias luzes de outros veículos pareciam dançar perdidas na escuridão. Foi então que o ônibus parou e vimos algumas figuras encapuzadas que haviam montado uma barricada. Eram moradores de El Alto, e pareciam bem organizados para barrar e decidir se deixavam passar ou não os carros que por ali passavam. A cena ficava ainda mais bizarra porque no fundo do ônibus haviam uns 10 adolescentes bolivianos jogando truco e ouvindo Cumbia sem fones no último volume. E eu que achava que a volta seria tranquila!

Enfim voltamos a nos aproximar de El Alto. O ônibus desceu a montanha e parou no ponto de partida: o cemitério. O motorista avisou que era a parada final. Estávamos só nos três no ônibus, e anteriormente o mesmo motorista tinha avisado que a parada final seria a rodoviária. Aparentemente ele mudou de ideia para cortar custos. Só esqueceu que havia nos dado a palavra.  Depois de muito bate boca resolvemos sair do ônibus e pegar um táxi para perto do Hostel Loki.

Por lá ainda ficamos procurando uma hospedagem mais barata, mas parecia que não teríamos muita sorte naquele dia, dado que um dos donos de hostel disse não haverem vagas após ter dito pra gente subir.  Enfim fomos para no bom e festivo Loki, pro azar de Yghor e Luiza que queriam descansar.

Comemos um velho e bom choripan na frente do hostel e partimos pra festa. Era uma festa bem louca onde a galera se pintava com tintas fosforescentes. Yghor e Luiza estavam cansados e ficaram pouco. Bebemos algumas cervejas e conversamos. Quando eles foram embora fiquei dançando com um grupo de Paraguaios que estavam em uma excursão. Lá conheci Daisy, uma Paraguaia super gente fina com quem miraculosamente consegui dançar.

Por fim fui dormir, aguardando meio tristonho por meu último dia em La Paz.

Fotos selecionadas da Isla del Sol (Flickr)

Gastos (em Bolivianos)

  • 17 café (~R$ 10,00)
  • 25 barco (~R$ 14,70)
  • 12 água pro dia todo (~R$ 7,00)
  • 30 almoço em Copacabana (~R$ 17,64)
  • 10 táxi para hostel (R$ 5,88)
  • 30 cervejas (R$ 17,64)
  • Total: 123 bolivianos (~R$ 72,35 na cotação de 1,70).

 

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Dia 06/01: lado norte da Isla del Sol, reflexões, mate e vinho e rock argentino

Despertamos bem cedo e partimos todos para o lado norte da Isla del Sol. Para isso descemos a longa escadaria e fomos até o porto onde o barco nos esperava. Mais uma vez tive sorte em estar com o grupo das porteñas, que conseguiram um belo desconto pra gente.

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Descendo as escadarias

Depois de cerca de 1 hora de viagem chegamos na parte norte da ilha. Era bem diferente, tudo ficava no plano e havia uma estrutura melhor de restaurantes, mercearias e hospedagens. A grande surpresa foi quando chegamos na praia: era linda! tinha areia e tudo, o sol brilhava no céu e o lago Titicaca ficava bem na nossa frente.

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Praia do Lago Titicaca, no lado norte

Conversei com as meninas porteñas e elas decidiram acampar na praia para economizar um pouco. Como eu não tinha barraca, resolvi ir atrás de um quarto em alguma hospedagem. Foi então que encontrei uma casa com vários quartos disponíveis.  Troquei uma ideia com um grupo que estava com a gente no mesmo hostel do lado sul e resolvemos nos dividir em dois quartos por ali. Eramos em 5, duas garotas argentinas muito queridas chamadas Flor e Julieta e dois chilenos muito engraçados chamados Francisco e Stefano.

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A hospedagem

Acomodados partimos para a praia. Nos reunimos em um grande grupo, junto com as meninas porteñas e mais uma galera e ficamos bebendo mate e torrando no sol. Encontrei por ali também algumas figuras conhecidas do primeiro dia em La Paz, como os argentinos que estavam no restaurante chinês, e os brasileiros que conheci no hostel.

Estava tudo tranquilo, até que recebemos uma surpresa inusitada: um burro meio rastafari que resolveu nos lamber. Ele queria carinho, e também comer nossas coisas! Depois de um tempo ele desistiu e foi para outra barraca. Na Isla del Sol a praia é de tod@s, inclusive de burros, patos, ovelhas, vacas e até porcos.

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Figuras ilustres na praia

Demos um tempo e até tomei um banho na congelante água do Titicaca (sério, mesmo no verão a água é realmente fria). Depois saímos para comer a famosa Truta em um restaurante bem simpático na beira do lago. Vou te dizer, a tal da truta é boa mesmo.

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A famosa truta. Com batatas, claro. Tudo tem batatas na Bolívia.

Durante a tarde resolvemos fazer a tal da trila del Inca. Foi uma longa caminhada por paisagens espetaculares, arrisco dizer que as mais incríveis da viagem, rivalizando somente com alguns lugares do salar de Uyuni. Passamos por vilarejos, cholas cuidando de animais, muitas plantações em forma de terraço, montanhas, lindas praias com água de tons esverdeados.

20160106_142758 20160106_142030 20160106_164532 20160106_162408 Algumas paisagens na trilha del Inca

Depois de muita caminhada chegamos na Mesa de Sacrifício, onde o povo Inca realizava rituais religiosos e onde existe uma rocha sagrada. Caminhando mais um pouco chegamos ao Templo del Inca, uma construção de rochas que parece um labirinto, com uma fonte de água no seu interior. Abaixo do templo existe uma bela praia, com um longo trapiche. Ali nos reunimos para pegar uma praia e dar vários mergulhos na gelada água do Titicaca. Foi bem divertido!

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Mesa de Sacrifício

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Templo del Inca

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O trapiche

Fiquei um tempo com a galera e depois me dei conta que havia esquecido de entregar a chave para Flor e Julieta, que ficaram na praia. Resolvi voltar para entregar a chave, e também para caminhar um tempo sozinho pela trilha. Quando cheguei ao Templo, encontrei um senhor Boliviano contando a história da Isla del Sol para um casal de turistas. Falou dos antigos rituais incas, de seus costumes e tradições, e do extermínio realizado pelos conquistadores espanhóis. Ele vendia alguns artesanatos, como simpatizei com ele resolvi levar uma Cruz Andina, uma Chakana. Objeto de muito significado para os povos andinos.

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A Chakana

Quando estava na metade do caminho desabei e comecei a chorar. Lembrei de o quão belo era aquele lugar, e de que como eu nunca poderia contar a Aline das coisas que vi ali. Depois pensei nos povos que ali viviam e que foram massacrados por ganância e ignorância dos europeus. Por um curto período de tempo me senti impotente e pequeno, diante daquelas rochas com milênios de idade. Por mais ateu e materialista que eu seja, aquele lugar sagrado me afetou de alguma forma. Sequei as lágrimas e segui caminhando. Afinal como diz a poesia “Caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao caminhar.”.

Quase chegando na praia encontrei Julieta e Flor, que nem haviam se dado conta que eu estava com a chave. Até me convidaram para seguir, mas resolvi continuar a solitária caminhada e descansar um pouco para a noite. Cheguei no albergue, descansei um pouco e depois tomei um banho no lago Titicaca, pois não havia água no banheiro da hospedagem. Estava pronto para outra!

A noite encontramos uma figura, que era conhecido da galera. Era conhecido como Pingo, argentino de Tucumán e um baita músico. Nos juntamos a ele, que iria tocar em um restaurante para ganhar alguns trocados. Lá Pingo fez muito sucesso, sendo aplaudido por todos no restaurante. Com os bolsos cheios, comemos umas empanadas e partimos para um lugar que Pingo havia indicado.

Pingo, El Chango Tucumano!

Chegamos em uma casa de alvenaria em construção na beira da praia. Lá dentro estavam alguns argentinos meio desanimados, tocando violão. Uma família Boliviana administrava a casa, vendendo vinho e empanadas. Quando Pingo, o chango tucumano chegou, comprou umas 2 garrafas de vinho com a grana do restaurante e depois começou a tocar. Aos poucos, uma legião de argentinos foi chegando e se aconchegando com seu vinho ou fernet com coca.

As garrafas de vinho chegavam, cada um dava um gole e passava adiante. E pode ter certeza que foram muitas garrafas de vinho. A viola vez ou outra também passava de mão. Enlouquecidos os argentinos piravam ao som de um grande repertório de rock nacional: Charly Garcia, La Renga, Patricio Rey y sus Redonditos de Ricota, Manal e por ai vai. Não conheço muito rock argentino, mas achei bem massa.

Noite de festa Argentina na Isla del Sol – tocando La Renga, música Revelde (Caminito)

Quando era quase meia noite o chango ainda convenceu a família a tocar a festa por mais uma meia hora. Eles estavam sorrindo de orelha a orelha, pois os vinhos não paravam de vir pra roda. No final uma gigantesca tempestade começou a cair. Foi ai que resolvemos correr pela praia para a hospedagem.

Chegamos na hospedagem muito bêbados e ainda jogamos UNO por mais uma hora. O troféu de bêbado da noite ficou para o chileno Francisco, que no meio da noite levantou para chamar o Hugo no banheiro. Despertando todos no raio de uns 100 metros. Fim da noite.

Gastos (em Bolivianos)

  • 50 truta (~R$ 29,41)
  • 25 barco (~R$ 14,70)
  • 30 hospedagem (~R$ 17,64)
  • 10 chakana (~R$ 5,88)
  • 10 empanadas (~R$ 5,88)
  • 40 vinho (~R$ 23,52)
  • Total: 165 bolivianos (~R$ 97,05 na cotação de 1,70).
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Dia 05/01, a dificil jornada para Copacabana e a Isla del Sol (lado sul)

Acordei cedo, comi um pão e parti para o Cemitério central de La Paz. Chegando lá o motorista de um ônibus estava chamando a galera para ir para Copacabana. Embarquei e saímos rumo a Copacabana.

O Motorista avisou que teríamos que fazer um desvio em El Alto pois ainda havia bloqueio da estrada pelos moradores revoltosos. Pegamos uma estrada de chão em um lugar que parecia um bairro residencial pobre, com inúmeras casas em construção. Não se via muita gente na rua, possivelmente porque as pessoas estavam trabalhando. Então comecei a notar algumas coisas estranhas, como bonecos pendurados em postes e pinturas em muros com dizeres como “ladrões pegos serão linchados”, “táxis suspeitos serão queimados”, “pessoas suspeitas serão queimadas”.

Fiquei um tanto apavorado, pois não era só uma parede pintada com isso, eram muitas mesmo. Então o ônibus parou. Ao fundo dava para ver uma fumaça negra de um pneu queimando. Era uma barricada, e suas guardiãs eram cerca de 7 Cholas com suas crianças. Um Boliviano ao meu lado até brincou que havia mais gente no ônibus do que fora dele. Bom, pelas mensagens nas paredes achei que não era nada prudente confrontar aquelas senhoras.

O Motorista desceu e voltou rapidinho, dizendo que não poderíamos passar. Então ele disse que deveríamos fazer outro desvio, mais longo, e que portanto teríamos que desembolsar mais 5 bolivianos (cerca de 3 reais). Segurei minha moeda no bolso, pois não queria pagar de gringo endinheirado. Fiz bem, porque logo em seguida todos no ônibus se revoltaram com a atitude do motorista, que se viu obrigado a negociar o valor para 3 reais.

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A barricada em El Alto

O ônibus partiu para o tal outro desvio. Foi mais de uma hora em uma estrada de chão bem estreita na zona rural, com direito a rebanhos de ovelhas, muitas vacas e plantações de Quinoa.  Depois de algumas horas de viagem chegamos a um pequeno vilarejo na beira do lago Titicaca. Disseram para que a gente descesse para pegar o barco que nos levaria para a outra margem do lago.

Quando cheguei na outra margem fiquei um tanto perdido. Estava em Copacabana? Afinal onde eu estava? Foi quando encontrei um trio de garotas Argentinas que me explicaram que o ônibus estava vindo numa balsa, e que quando chegasse iriamos até Copacabana. Elas disseram que estavam indo para a Isla del Sol, e que eu poderia ir junto com elas.

Chegamos em Copacabana depois de cerca de 1 hora viajando por lindas montanhas cercadas pelo lago. A cidade é bonita e lembra bastante algumas cidades de praia no litoral Catarinense. Descemos do ônibus e pegamos o barco em direção a Isla del Sol.

Ficamos na parte de cima do barco, onde conversamos bastante e tomamos um solzinho, com o forte e frio vento dos andes em nossas caras. As garotas eram portenhas, muito amigas e estavam pela primeira vez viajando juntas. Uma delas, chamada Avril, iria fazer 20 anos no outro dia, e portanto estava bem empolgada. O visual do trajeto de barco foi surpreendente. O lago Titicaca é majestoso, a água é bem azul e dá pra ver ao fundo em algumas margens a imponência das montanhas andinas.

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Partindo de Copacabana

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No meio do caminho

20160105_141113Chegando na Isla del Sol

Chegamos em um pequeno porto no lado sul da Isla del Sol. Haviam alguns restaurantes e uma íngreme montanha com uma baita escadaria, que parecia inevitável que teríamos que subir. Então começamos a subir com nossas malas e mochilas nas costas. No caso das garotas era ainda pior, porque elas levavam muitas coisas com elas, inclusive material para acampamento. Depois de uns 40 minutos chegamos a um lugar cheio de pequenas casas. Lá encontramos um hostel chamado Hostal del Sol com um pessoal bem simpático e resolvemos dividir um quarto por lá. Vale dizer que as garotas eram muito boas na arte de pechinchar e conseguiram um bom desconto pra gente!

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O hostel

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Claro?

No hostel encontramos mais Argentinos e também dois Chilenos. Uma galera bacana. Estávamos com muita fome, e quem veio para nos salvar? Você acertou, tirei da mochila o amendoim japonês, que mais uma vez deu aquela quebrada na fome da galera. Passamos o fim de tarde relaxando no quintal do hostel, apreciando a bela vista do Titicaca, com suas montanhas e terraços agricolas. Ainda aproveitei para dar umas voltas e tirar umas fotos dos arredor.

Depois ainda brincamos com as crianças dos donos do hostel (que conversavam entre eles em Aymara), que se empolgaram muito em brincar de cavalinho, fazer ciranda, etc. Elas não eram pequenas e a 3.500 metros de altitude deram uma baita canseira na gente! Mas foi bem divertido, valeu a pena 🙂

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Flores

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Artesanatos

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Terraço agrícola

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Llama!

Quando caiu a noite resolvemos sair para jantar para comemorar o aniversário (cumpleãnos) de Avril. Fomos todos os hostel juntos procurar um lugar onde servem a famosa Truta do lago Titicaca. No fim resolvemos comer Pizza, depois de zanzar por boa parte daquela montanha. Por fim voltamos para o hostel e fizemos um pequeno lual, com bastante música, rum e parabéns pra você.

Gastos (em Bolivianos)

  • 5 café (~R$ 2,94)
  • 3 água (~R$ 1,76)
  • 30 ônibus de La Paz até Copacabana (~R$ 17,64)
  • 20 hostel na isla del sol (~R$ 11,76)
  • 20 barco para isla del sol (~R$ 11,76)
  • 50 janta (~R$ 29,41)
  • Total: 123 bolivianos (~R$ 72,35 na cotação de 1,70).

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Dia 04/01, terceiro dia em La Paz: o centro, o parque e o saque

Meu terceiro dia em La Paz foi uma saga para resolver algumas coisas práticas. Eu precisava sacar dinheiro, comprar a passagem para Copacabana e decidir como faria para voltar para Santa Cruz de la Sierra. Acordei, comi uma empanada e parti para minha missão.

Meu primeiro destino foi a rodoviária, que fica bem próxima do hostel. Lá tive meu primeiro susto: havia uma protesto em El Alto, e os moradores estavam bloqueando a passagem enquanto o governo não oferecesse garantias de que agilizaria a construção de uma estrada melhor para a região. A primeira companhia disse nem vender o bilhete, enquanto a segunda disse que havia um “caminho alternativo”. Não botei fé e resolvi deixar para comprar a passagem depois.

Segundo problema: nenhum caixa eletrônico me permitia sacar dinheiro. Desesperado, resolvi ir direto a uma agência do Banco do Brasil na cidade (Av. 20 de Octobre). Para isso aproveitei para conhecer o centro da cidade. La Paz tem prédios grandes, correria e multidões caminhando como em qualquer grande centro.

Minha primeira surpresa foi encontrar uma espécie de barraco na frente do Ministério da Justiça. Na fachada frases sobre a ditadura militar na Bolívia. Entrei e encontrei dois senhores idosos, que conversaram comigo sobre o porque estavam ali. Eles eram vítimas da Ditadura militar de Hugo Banzer, e estão ali na frente a 1342 dias esperando que o Ministério da Justiça indenize as vítimas da repressão. Falei que no Brasil havíamos instaurado uma comissão da verdade, que não tem poder de punição por causa da lei da anistia, mas que estava fazendo um resgate histórico dos crimes contra a humanidade realizados em nosso país, e que várias pessoas foram indenizadas. Eles disseram que estamos muito a frente nesse debate e lamentaram a falta de vontade politica do governo Evo, que segundo eles não moveu uma palha nesse aspecto.

Depois eles me mostraram alguns computadores que foram queimados em um atentado feito contra eles em 2014, quando segundo eles guardas do ministério da justiça atearam fogo no barraca durante a madrugada. Também mostraram fotos de uma senhora, também vítima da ditadura, ferida durante outro atentado em 2013. Assinei o abaixo assinado e sai de lá emocionado, lembrando de quantas atrocidades foram cometidas na América Latina por essas ditaduras sanguinárias do Plano Condor, cujos reflexos nefastos sentimos até os dias de hoje.

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Fotos da barraca de vigília das vitimas da ditadura militar Boliviana

Caminhei um tanto em direção a um parque que havia ali por perto para esfriar a cabeça. O parque era bem grande e bonito, repleto de árvores, brinquedos para crianças, ciclovias e passarelas. Haviam algumas pessoas passeando, casais namorando (os Bolivianos são muito românticos) e crianças brincando. A vista da passarela também era bem bonita, de longe dava para ver uma ponte que ligava duas áreas da cidade.

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Diferentes vistas do Parque Central

Passeando mais um pouco cheguei até uma espécie de praça, chamada Camacho. Por lá havia alguma infraestrutura, como lojas e centros de atendimento para a população. Mas o que mais me chamou a atenção foram os grafites e murais que estavam pintados nos muros.

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Grafites no centro

Eu já estava meio de saco cheio de caminhar, então peguei uma van que me deixou na rua do Banco do Brasil. Parecia um bairro nobre, as pessoas eram mais brancas, usavam terno e gravata e dirigiam carros importados. Uma coisa que me chamou a atenção foi um casarão todo grafitado, que destoava totalmente da paisagem de concreto. Era um casarão ocupado por um coletivo anarco-feminista chamado Mujeres Creando, pois haviam várias mensagens do gênero dentro e fora do lugar, assim como livros para vender. Infelizmente o lugar estava em reforma.

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Fotos do Casarão Feminista do coletivo Mujeres Creando

Saindo dali fui direto ao Banco do Brasil, que fica em um imenso edifício todo espelhado em vidro azul. Lá finalmente consegui sacar o dinheiro, além de descobrir a origem do problema: minha conta estava em aplicação automática, logo não havia saldo em conta. Um tanto puto comigo mesmo fui almoçar ali perto, em um típico almoço executivo. Depois voltei para o hostel para descansar um pouco e decidir meus próximos passos. Antes disso passei na antiga igreja de São Francisco para tirar algumas fotos.

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Na praça da igreja

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Igreja de São Francisco

Chegando no hostel pesquisei o preço das passagens de avião e achei uma “até que em conta” para Santa Cruz. Como eu havia escutado que as estradas que ligam Cochabamba até Santa Cruz estavam com problemas, me pareceu uma boa tentar um plano B. Não me culpe, meus relatos de viagens de ônibus pela Bolívia não foram dos melhores! Para comemorar ainda tirei umas fotos do monte Illimani da janela do Hostel.

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Vista do monte Illimani

Com a passagem comprada, jantei e fui até a zona sul da cidade, onde eu havia combinado de me encontrar com uma amiga boliviana. Depois de todo caos do congestionamento consegui chegar até o local, e fomos beber em um pub próximo a um shopping center. Sim, pub e shopping center, a zona sul de La Paz é totalmente diferente do centro e de El Alto, muito mais rica e parecida com qualquer outra cidade “globalizada e pasteurizada”.

Conversamos bastante e depois pegamos um ônibus para o bairro dela, onde peguei um Táxi até o hostel. Conversei com o taxista que me convenceu que era “tranquilo” ir até Copacabana no outro dia, pois haviam vários caminhos alternativos, e que o esquema era pegar o ônibus direto no Cemitério de La Paz.

Na chegada no hostel ainda tive pique para tomar umas cervejas no bar junto com os amigos Argentinos e Brasileiros, e jogar umas partidas de sinuca com os hermanos.

Gastos (em Bolivianos)

  • 16 café (~R$ 9,42)
  • 55 hostel (~R$32,35)
  • 5 limpeza do tênis (~R$ 2,94)
  • 5 pasta de dentes (~R$ 2,94)
  • 20 almoço (~R$ 11,76)
  • 3 ônibus (~R$ 1,76)
  • 33 janta (~R$ 19,41)
  • 45 drinks (~R$ 26,47)
  • 25 táxi (~R$ 14,70)
  • 20 cervejas (~R$ 11,76)
  • Total: 227 bolivianos (~R$ 133,52 na cotação de 1,70).

Passagem para Santa Cruz de la Sierra: 537 bolivianos (~R$ 316 + taxas do cartão).

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